Nas noites de lua cheia
Sob a luz da lamparina
Revendo fotos antigas
Sempre te encontro, menina
Às vezes olho a janela
E vejo riscando o espaço
Aquela estrela cadente
Que direciona meus passos
Meu pensamento navega
Vejo a escola e o jardim
E o teu riso esc

As horas mansas deste meu ocaso
Quando me planto a versejar a esmo
As frases soltas, com algum descaso
Vão navegando dentro de mim mesmo
Tomam o leme dos meus pensamentos
Cortando mares, com sofreguidão
Sequer se importam com os meus intentos
Mas sempre aportam no meu

Pra quem senta quieto, à mesa de um bar
Em meio a tragos de canha e fumaça
O riso e o pranto são puros contrastes
De treva e de luz, alegria e desgraça

Se a mesa de um bar é palco de amores
Cenário montado com fogo e paixão
Também é desfile de atrizes e atores
Traça

Para dar luz à milonga
É preciso decompor-se
Polir o espelho da alma
Ferir-se no fio da foice
Quebrar o vidro dos sonhos
Ouvir o canto das mágoas
Vazar cacimba nos olhos
E se afogar nestas águas

Pois compor uma milonga
É recompor o silêncio
Despir-se alé

Tu me olhas, mas eu sei que não percebes
O amor gritando aflito em meu olhar
O vulcão que se desata no meu peito
E este fogo que me queima sem parar
Mas tu foge deste sonho que te segue
E não vê que só aqui é o teu lugar
E vai pedir migalhas de amor
Pra alguém que não