Quando a crua Lua nua
Desce da telha para o chão
E produz todo encanto
De canto, acalanto e oração

Lampejo fóssil da fé
De barro batido e de pilão
Espelho d'água e até
Compasso do passo da tua mão

Ponteiro e fita
O tempo, o chão
O vento na direção dos

Rasgar o chão do impossível
Costurar a renda
Dos ventos e desta toada invisível
Infalível prenda

Eternamente lentamente
Entretanto, sem cansar
E acreditando piamente
Que não há nada a declarar

Repare bem na água viva
Como curte flutuar
Ou na tartaruga

Deixa estampar o rascunho de estimação
Da planta do pé do coração
Quero deslizar
Divisar as águas para ter onde pousar
Estraçalhar
Não vai estancar a sangria lenta do teu beijo

Eu sou feita de água
Terra, fogo e ar
Você é feita de calor
Líquida, sólida

Foi você quem viu
Como eu não sei
Bons ventos chegando
Pra te guardar

Logo amanheci
Como faz o Sol
Quando avista a Lua
No teu quintal

Simples assim
Sim, simples assim
Se tudo tem que ter um fim
Nós daremos início do ponto final
Saberemos o que

Foi de lá, eu vi
Toda a correnteza deslizando sob a ponte

E tracei enfim
A primeira leva do caminho
O meu ninho, seus cabelos
No terceiro show

E lá
Verde asa, nova dança
Uma trança colorida
E no olho a vida, eu vi

Eu só queria te contar
Sobre os

Ah, minha canção
Vinda, bem-vinda, noite serena
Com seu núcleo
Sua base natural

Átomos, meio-dia tropical
Para ver o pássaro celestial
Cantar, voar

Tuas retinas fitando o horizonte
Como sampleadas
Na rima dessas alvoradas
Chão e mar

Vejo meu imã velando teu eixo
Desorientando da ponta do queixo ao céu
Amanheceu

De manhã cedinho
Tarde da noite foi
Bem cedinho
É madrugada já
Cedinho
Eu disse

Palavra e deserto
Réstia do que deleto
Pleno e repleto vazio
O calafrio
Preso num corpo febril

Água por trás do seixo
Pedra despetalada
Da primavera de abril
E quem não viu
Nunca sequer existiu

O Sol vai e vem
E a Lua leve

Da erosão ao eros
Finito, infinito, que bonito
A contração
De grão em grão

Teu coração
Na linha da palma da minha mão

The right word
The clear core
Of the wet sand
When the rain falls

That shines brightly
The strangest color
Lovely and quiet<

Caminhando eu caminhando
Verde planta verde nobre planta verde
Estendida em baixo do asfalto
Vem molhando os meus pés descalços

E a jurubeba é a rainha do sertão
Com o seu nobre coração ela estende a mão
Estendida em baixo do asfalto
Vem olhando pro lado e pro alto<

Entre as buzinas e edifícios
Reinventar o ofício
Sem remoer os resquícios
Que ponderam o coração

Toda a leveza do ser
Todo esse peso de ser
A sua própria estrada

Clareira acesa
Luz da luz
Estrada, estrela
Olhos
Praia Santa Cruz
Luminosidade
Fagulha e rama
Banto da chama
Passo das águas

Olhos na festa de Cristo
Como o previsto eu vou
A natureza
Correnteza do rio
Flor que desabrochou

Viola
Violeiro
Que alumia o mar
Ciranda e candeeiro

Meu leme
Violeiro
Eu quero perguntar
Como você está

Tudo indo
É lindo velejar/ancorar
Não é findo teu cantarolar
É que o teu cantar
Chega com o Sol
Para anunciar novo arrebol

Ela pisou na areia de manhã
E raio de sol iluminou seu rosto
Pedra da praia seu pé cortou
Mesmo assim não manchou nem sorriso dela

Eu fui batizado ali
Entre as ondas, sob os seios
Nadei contra as ondas e a correnteza, os ventos
As velas, os barcos içados
Até alc

Muito simplesmente
Refazer a mente
Como que completamente
Ter a nova ideia clareando a gente
E o resto do mundo é
Bonito de ver

Digo do estado
Necessário estado
Calmo claro tenso lerdo
Os seus olhos vêem tudo expandir
E a gente se ama
Sim

Dá-me

Venha comigo
Nessa tarde verde celeste
Venha comigo
Nessa tarde verde celeste

Moça da pele macia
Meu ponto fraco, teu aroma
Moça, hoje é um lindo dia
Já sei, vai dar praia

Mas tem que entrar no mar
E acordar longe
Longe
Lá

Tudo tem trajeto
Traquejo nato
Tá tudo certo, tá tudo errado
Chumbo no céu e cinza no asfalto
Não se anime não
Mantenha o trato

O que vem da vida
Cai do acaso
Da minha lida eu sei de fato
Tudo é profundo, tudo tão raso
Não desanime não
Venere o ato</