Ó meu amor lá de longe
Perde um dia vem me ver
Não mandes cartas pra cá
Que eu tenho que as dar a ler

Um dia lá no meu monte
Numa tarde de verão
Estava bebendo na fonte
Vi pousar um Gavião

Trazia uma carta presa
Na sua asa direita
A mesma carta dizia

Passei à tua janela
Para contigo falar
Levava uma linda flor
Meu amor para te dar

Meu amor para te dar
Colhi a que achei mais bela
Para contigo falar
Passei à tua janela

Meu amor, meu amor
Meu amor nada é vão
Eu dou-te a minha vida
Tu dás-me o teu

Despedida, despedida
Como fez o passarinho
Bateu asas e voou
Deixou as penas no ninho

Um passarinho que voa
Para bem longe do ninho
Não tem quem lhe dê amor
Não tem quem lhe dê carinho

Pensa, pensa passarinho
À sua casa voltar
Para ter a alegria
Qu

Alentejo os teus trigais
Só por si te dão valor
Os teus verdes milharais
Girassóis e arrozais
Só por si te dão valor

Os teus rebanhos folgando
À sombra dos olivais
Só por si te dão valor
Cultivados com amor
Alentejo os teus trigais

O Alentejo dá pão

Numa noite de verão
Num balho na minha aldeia
Só pra verem o Jaquim
Estava a sala toda cheia

O Jaquim é atrevido
Com as mãos nunca está quieto
Gosta muito de apalpar
Seja ao longe ou seja ao perto

Gosta muito de apalpar
Seja de noite ou de dia
Quantas

Ainda antes de nascer
Já o Sol no mar brilhava
Para vir iluminar
A verde seara brava

Já não vejo as mondadeiras
No verde trigo mondar
Já não vejo homens no campo
Com as charruas lavrar

Não vejo os montes caiados
Nem os moinhos moendo
Montados e sobreir

Às vezes ponho-me à espreita
Para ver quem aqui passa
Encontro sempre a Maria
Com o marido da Graça

Lá vai a Mariazinha
Com o vestido a arrojar
Não sei que vida é a sua
Só a vejo namorar

Só a vejo namorar
O marido da Gracinha
Com o vestido a arrojar

Eu nasci no Alentejo
É lá que eu quero morrer
Eu quero levar comigo
Terra que me viu nascer

Ó, meu querido, Alentejo
Foste no tempo esquecido
Ninguém te dava valor
Viveste adormecido

A cultura alentejana
No mundo não há igual
Foi por isso distinguida

Quando eu era rapaz novo
Usava uma gravatinha
Quando eu era rapaz novo
Usava uma gravatinha

Quando eu chegava a um balho
A melhor moça era minha
Quando eu chegava a um balho
A melhor moça era minha

A melhor moça era minha
Foi visto por muita gente
A me

Triste vida tem marujo
Que anda no mar embarcado
Mais triste é a do mineiro
Que anda em vida sepultado

Sou mineiro de profissão
Foi sempre esta a minha sina
Aonde ganho o meu pão
No fundo daquela mina

É um trabalho arrojado
Penoso e mal pago
Triste vid