Sai pra lá mulher pesada
Não carrego tonelada
Seu olhar só me desleixa
E sua carga varia
Quando eu peso você deixa
Minha balança vazia.

Você quer o meu desprezo
E eu só quero seu abraço
Pra encontrar o contrapeso
Vou voltar a ser devasso

Basta um quilo

Viro e reviro sua mente para lhe encontrar
Mas a sua mente muda sempre para me driblar
Não sei se é teimosia, afasia ou mesmo discordância
Que faz eu me perder de vez na sua inconstância

Refrão
Sofro pra evitar remorso e vivo com receios
Sabendo que os fins justificam

A mágoa que trago no peito
É formada em direito
E já conhece as leis do amor.
Porém pela lei do tormento
Perco sempre o julgamento
Pra mulher a quem eu for depor

O tormento cutucou mais forte
Pra evitar pena de morte
Eu tive que me confessar.
Confesso que ti

Mais uma noite por aí
Em qualquer bar
Esperando amanhecer
Só porque dá gosto de ver
O sol nascer
O sol nascer.

Quando a noite
Se mistura com o dia
A tristeza à alegria
E eu nada posso entender.
Quando a cerveja
Se mistura à alvorada
Eu não sinto

Meu lamento vai
Até encontrar
Quem de mim não sai
Vai pela imensidão desse mar de sonhos e paixão
Que é meu coração
Sempre a buscar entre tantos abismos, canção

Solto pelo ar
Pra não se perder
Meu lamento vai
Até achar bem distante o festivo porto do prazer<

Mirela és bela
De singela belezura
Pele lisa, leve e escura
Sem pintura, pura cor
Belos cabelos
Longos e embaraçados
Lábios desajuizados
Carregados de ardor

Refrão
Mirela és bela
Como ela só Mirela
Na janela dando trela
Dando bola para mim
Mi

Essa é pra você
Que não sabe o que é viver
Que não vive por não ser
Que carrega o coração na mão
Fica calado
Vendo tudo acontecer
E tem medo de sofrer
Nos laços de uma paixão

Você que não tem
um samba pra sambar
Não tem também
um blues pra lamentar</

Eu sambo sim porque o samba sabe
Muito bem o que fazer com o meu coração.
Coisa que você não sabe não (2x)
Eu sambo sim porque o samba sabe
Dar valor e atenção para quem já sofreu.
Coisas que você nunca me deu (2x)

Refrão
Quem sabe samba quem não sabe sofre à toa

Esse samba eu compus para os amigos
Que acreditaram no amor
Eu já me livrei desse perigo
Vivo só, porém sem guardar rancor

Me desculpe Vinicius de Moraes
Mas eu não amo mais
Me desculpem outros poetas mais
Mas eu já sofri demais

Eu vejo os meus irmãos desiludi

Refrão
Vou desabafar com a voz de um sambador
Eu vou desfilar com a minha dor
O canto é um lúcido remédio
Que acaba com o assédio
Da tristeza e do rancor

A mulher que eu tanto amava
Não ouviu os meus perdões
Nada que um bom samba não acalme
E um pandeiro não

Sou o mestre Zé Pelintra
Sou Doutor do Catimbó
Mulher tenho mais de trinta
Mas minha alma vaga só.

Pra agradar me dá cachaça
Dá cigarro pra eu fumar
Eu te livro da desgraça
Firma um ponto pra eu sambar.

Levei chumbo de espingarda
Navalhada de outro Zé

Amor, a vida corre
Não ria à toa
Que a dor não morre
É bem melhor
Deixar anoitecer
Se virar pó
O tempo irá varrer

Não torne
Seu mundo ausente
Entorne
O seu presente
O que passou
Suas lágrimas regaram
É esforço em vão
Reacender o que molho

Vou lhe mostrar como se causa um prejuízo
E Jesus Cristo haverá de perdoar
Eu aprendi com o vinho de Dionísio
Que o juízo serve só pra incomodar.

Se for preciso eu confesso o meu segredo
O excesso é o medo que eu gozo por temer
Um dia desses vou pegar você no braço

Você que levou meu violão
violou meu coração
Pra tudo que eu sentia fazia melodia
Agora eu faço oração
pra você queimar no inferno meu irmão

Ainda fui sutil
Você merece mais
Merece um retrato de quatro
estampado em todos os jornais
Depois de uma macumba