Lá vem a ponte caindo sobre nossas cabeças
Lá vem a cabeça dos homens morando debaixo da ponte
Lá vem a ponte caindo sobre nossas cabeças
Lá vem a cabeça dos homens morando debaixo da ponte
Que liga o inferno verde com o céu de concreto armado
Armado de lábia e de baba do mun

Quando caíram os ossos sobre a opaca dor
A cantoria se fúria
E, em segredos jogados ao vento
A gente se refazia um pouco mais
Os sons ressoam aos nossos ouvidos
Nossa Luz é a lua
E o renascer nos toma da busca
A praça gritou quando caí
E eu te fiz quase infeliz

No centro nervoso da favela
Os facínoras matam um pai

E o Estado paga, meu bem
E o estado paga por isso também
E o Estado paga, meu bem
E o estado paga por isso também

Reféns do remédio das milícias
Dos grãos: alimentos do tráfico

E o Estado paga, meu bem

Cruzo o sono
A melodia
Engrenagem posta a ferro e fogo
Céu de parafuso
Sol de pássaro sem ser
O trem nas plantações de arroz
Maldição, mansão dos mortos
Suor na cara dos homens
Pesadelos por sonhar demais
Pesadelos por sonhar demais
Sinto o sono
Sou et

Todo quer não perdoa
Toda ação não tem volta
Toda virtude é amparo
Toda certeza é ilusão
Toda frieza é deserto
Todo segundo é eterno
Toda nobreza é desprezo
Todo soldado é usado
Todo adeus é pra sempre
Toda esperança é o que resta
Todo segredo é sozinho

Tudo que pensei em ti
Não muda o que és
Tudo que chorei por ti
Não fere o teu convés
Mas, sempre aos nossos pés
Está todo o revés
Toda escrita em vão por nós
Toda solução
Todo beijo que calou
Qualquer opinião
Mas, sempre em nosso chão
Está todo o perdã

Ei, suas mãos tão vazias
Suas costas sangrando
Seu passado apagado
E seu discurso ofegando
E ainda riem de nós
Tudo é um monte de nós

Sim, caravelas ao vento
Biodiesel, quimera
Mundo em aquecimento
Sem água na panela
E o que pensam de nós?
"São fanto