Manifesto Por Um Tango Negro

Memórias de bons ares espanhóis
Um porto se ergueu na foz
Ocultando a minha história
Chora! O negro clama liberdade
Música! Aliviando a saudade

Tocam tambores e batuques
Os passos riscam o chão
De um povo tão sofrido
Que mesmo suprimido
Simboliza toda uma nação

Nas ruas de milongas, habaneras
As festas contra a segregação
De tantas cores e costumes
Nasce o tango em celebração

Acalenta os desamparados
Para os solitários companhia
Sinfonia dos enamorados
Nas noites, grande alegria

Transcendeu, o mundo alcançou
Bandoneónes brilham em Paris
Nos palcos as canções tão envolventes
Que o mundo pede bis
E sob esse chão de estrelas
A cultura negra a resistir
Aguardando com resiliência
A flor da igualdade se abrir

Ponte vós sos mi alegría
La razón de mi cantar
E hoje em forma de protesto
Faço esse manifesto
Pra ancestralidade resgatar