Cotidiano
O seu caminhar de moça
Arrasta a sandália quando passa
Ajeita o brinco e está só
Mas ninguém repara
E nesse mês não vieram as regras
mas isso é coisa da cabeça dela
Passa mão e mão ajeitando o cabelo
Segue o dia-dia no ônibus cheio
Pede à conhecida pra fechar a janela
Pensa se isso faz diferença
Pra gente feia... como ela
Usa uma calça mais que apertada
Anda de preto pra esconder as sobras
Brinca com as crianças no meio da rua
Será que vai tê-las pensa...
Talvez nunca
Salta no ponto segurando a bolsa
Quase vira o pé na calçada quebrada
Sente um estranho por perto
Aperta
O passo até chegar finalmente em casa
Quando se deita já é madrugada
Ela sorri e pensa
Que no outro dia
Não vai fazer tanto frio
A cama vai estar menos solitária
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