Cabeça
Quando eu sofria dos nervos
Não passava debaixo de fio elétrico
Tinha medo de chuva, de relâmpago
Nojo de certos bichos que eu não falo
Pra não ter de lavar minha boca com cinza
Qualquer casca de fruta eu apanhava
Hoje, que sarei, tenho uma vida e tanto
Já seguro nos fios com a chave desligada
E lembrei de arrumar pra mim esta capa de plástico
Dia e noite eu não tiro, até durmo com ela
Caso chova, tenho trabalho nenhum
Casca, mesmo sendo de banana ou de manga
Eu não intervo, quem quiser que se cuide
Abastam as placas de atenção! Que eu escrevo
E ponho perto
Um bispo, quando tem zelo
Apostólico, é uma coisa charmosa
Não canso de explicar isso pro pastor
Da minha diocese, mas ele não entende
E fica falando: Minha filha, minha filha
Ele pensa que é woman’s lib, pensa
Que a fé tá lá em cima e cá em baixo
É mau gosto só. É ruim, é ruim
Ninguém entende. Gritava até parar
Quando eu sofria dos nervos
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