Cartel Central - Funeral
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- Publié 2024-05-27 00:00:00
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- Cartel Central
- Funeral
- Traduction par: panzas
Funeral
Deus leva mais um que sai das trevas
E que a paz esteja onde estiver
Lá vem
Ei mano, cadê a Lua? Já passa das dez, que loucura
Algo no ar me diz que é melhor parar
Na memória o crente que profetizou
Na última segunda no escadão
Erga tua mão, aceite Jesus, o mal está logo ai
Demônio pra te perseguir sabe como é
Ninguém bota uma fé
Pressentimento ruim, o fulano não portava nenhum dom
Mas sabia (ei) que a vida ali é dolorosa, certeira e cruel
A vida inteira no banco dos réus
Tudo que é bom dura pouco, mas logo recomeça
Trilha de um ladrão é a vida de um poeta
O sonho da paz, longínqua ironia
Um prato vazio vira poesia de viver, a morte e a vida
Quem é que pode entender?
Olha o fulano esticado, corpo ensanguentado
O tiozinho que passa: Que horror, que situação
Olha a cena de cinema, luta corporal
Eu da janela esperando o funeral passar
Mais um preto que acabaram de matar
Ninguém quer testemunhar, mas ai, quem matou usava farda
É o que se pode ouvir de um boato que ficou no ar
O pregador da paz tenta da vida ao velório
Mas só recebe frustração
Esta é a hora do último adeus, da última olhada
Nunca mais, nem choro e nem risada do cara
O caixão só retrata o que ele foi nesta vida
Eu vou viver na segunda intenção
A gente aprende bastante com a desgraça de alguém
Favela é o cativeiro e pra quem foi digo amém
Tire a roupa preta do varal, lá vem o funeral
Deus leva (Deus leva) mais um que sai das trevas
E que a paz esteja onde estiver
Lá vem
Outro corpo abandonado, sem vida, sem alma e sem luz
Só uma cruz, carregada por lágrimas, que tinha Jesus
E uma frase gravada: Descanse em paz! (Adeus)
No canteiro o cadáver hoje tem mais um
Morrer com tiro pra quem erra é final comum
Que mãe iria suportar ver seu filho tombar feito lata vazia
Que a pivetada dá bica todo todo dia?
Até parece mentira, por Jesus! Pare de brincar
Eu fiz questão de olhar
Um preto a menos sofredor
Maldita ditadura caminhar com a segurança sempre na cintura
Podia ser o trote que o pivete passou
Infelizmente o julgamento é sumário
A pontaria é nota 10 pá pá
De PT foi difícil errar
No rap eu tento amenizar a minha dor
Uma bandeira de luto em tributo ao finado
Presidiário sem o Sol
Do Robru ao Perus, do Campanário à Brasilândia
O sonho de criança é ver um 25 de dezembro feliz
Sem brisa, sem pó no nariz
Consequentemente é só loucura
Nem eu nem você pode compreender
Porque a polícia nos odeia tanto
Às vezes tem que ser filha da puta pra viver com 38 carregado
É mais fácil se manter o mano morto no caixão
E te ensinando a viver
Velar um corpo na rua já é um fato normal
E o rotineiro olhar triste acompanha o funeral
Deus leva (Deus leva) mais um que sai das trevas
E que a paz esteja onde estiver
Lá vem
Outro corpo abandonado, sem vida, sem alma e sem luz
Só uma cruz, carregada por lágrimas, que tinha Jesus
E uma frase gravada: Descanse em paz! (Adeus)
O dia inteiro no bar, o segundo lar
O tempo passa e a conversa fica
Nas ideias da vila, a gente se identifica, o sorriso é escasso
Em cada morador uma triste lembrança
De alguém que está preso, de alguém que morreu
E ninguém te ajuda o sofrimento é só seu
Na ideia de pensar, você pode acreditar que a magia muda a vida
E a ilusão é algo triste que restou
A prisão é uma merda, andar armado pra que?
A lei vai desfavorecer, vai condenar esse preto que está aqui
Que sacrifício que é viver nesta selva é assim, enfim
A gente pá, toma um susto e se levanta
Aqui tudo era festa, a gente até conseguia sorrir
Queimava o gato e o conhaque na moral
Mas as drogas, que porra, acabou com essa festa
E agora o que resta é um baú de memórias que ficaram pra trás
Aquele mano, se lembra?
Batia um bolão, hoje é sujeito lá na detenção
E aquela mina? Sei lá!
Perdeu sua postura, tinha até uma presença
Mas o crack fez a diferença
Correria no Russão você vê
Que dia do caralho teve demonstração
De como se mata um irmão em forma de tiros
Uma vida se desfez como se apaga uma vela
A condição de um favelado é sobrenatural
Osso duro de roer
Ver você feliz poucos querem saber
O que que pega aqui é revolver na mão
Vai pensando assim vai vivendo assim
O que que custa para só um pouco pra pensar?
A maldade nunca te deu nada
Faça o governo feliz, cachimbo na boca e pó no nariz
O resultado é só um e eu pressinto o final
O mano morto e o maldito funeral
Deus leva (Deus leva) mais um que sai das trevas
E que a paz esteja onde estiver
Lá vem
Outro corpo abandonado, sem vida, sem alma e sem luz
Só uma cruz, carregada por lágrimas, que tinha Jesus
E uma frase gravada: Descanse em paz! (Adeus)
Deus... Leva (leva) leva (leva)
Deus... Leva (leva) leva (leva)
Leva (leva) leva (leva)
Deus... Leva (leva) leva (leva)
Deus... Leva (leva) leva (leva)
Leva (leva) leva (leva)
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