Frontal
Eu vivo num lugar delicadamente estranho
Onde popularidade é melhor do que tamanho
Num lugar onde as mentes já nascem limitadas
Você envia um sorriso com as impressões erradas
Eu vivo num lugar que é sempre a mesma mesmice
Onde uma mente sem limites é uma mente de burrice
Num lugar onde os amigos pousam em cima do muro
Tipo sombras traiçoeiras, te abandonam no escuro
Eles dividem gosto através de moda
Fazem pouco do sufoco e nao sabem o quanto é foda
Emicida confirmou: minha essencia ninguem poda
Então nao peço desculpa se a rebeldia te incomoda
Pois eu vivo num lugar que você se contenta
Com gravata no pescoço e o passar de uma vida lenta
Com uma faca no seu osso e uma rotina sonolenta
Uma maca no seu esboço e o brilho no olhar se ausenta
Vai, moleque, tira o pé do breque e mostra que não tem pra ninguem
Eles falaram, zuaram, tiraram ca tua cara
Engatilha, sobe a mira e se prepara, então vai
Vai, moleque, tira o pé do breque e mostra que nao tem pra ninguem
Eles xingaram, julgaram, humilharam tambem
Então mostra pra eles de onde cê vem
Eu vivo em lugar anônimo aonde eu for
Onde sexo pras pessoas é sinônimo de amor
Num lugar onde as regras são contraditórias
E as promessas são meras palavras ilusórias
No lugar onde eu vivo a liberdade é escassa
Ou você é um robô ativo ou aprende na raça
Sua máscara é alarmante e seu semblante emancipa
Onde bhaskara importa mais do que saber empinar pipa
Eu vivo num lugar que se você quer glória
Tem que estudar matemática pra se formar em história
Conhecer a mitocôndria pra cursar engenharia
"dane-se a política, vamo aprender filosofia"
Num lugar silencioso, faço algum barulho
Parei de estudar, será que devo sentir orgulho?
Julgado como burro, visto como inferior
Até o dia em que as rimas falem mais alto que minha dor
Vai, moleque, tira o pé do breque e mostra que não tem pra ninguem
Eles falaram, zuaram, tiraram ca tua cara
Engatilha, sobe a mira e se prepara, então vai
Vai, moleque, tira o pé do breque e mostra que nao tem pra ninguem
Eles xingaram, julgaram, humilharam tambem
Então mostra pra eles de onde cê vem
Eles dizem aqui que é melhor ouvir a verdade
A verdade é que vocês não suportam a liberdade
E a maldade na minha alma me faz ser diferente
Por isso não tenho calma se é pra ser impertinente
Eu vivo num lugar hipócrita, vejam vocês
Gostam de me julgar porque eu faço rap em inglês
De tupac a sabotage, logo cê se acostuma
Eu faço rap e a linguagem não quer dizer porra nenhuma
O conceito de amor é mais torto que cabide
Sente o efeito da dor, meu conforto te agride
Sem massagem, agressivo destruindo o aconchego
No lugar onde tatuagem é motivo de desemprego
Mas tenho que viver em meio à massa submissa
Eu vim pra prejudicar, tipo areia movediça
Assassino insatisfeito, que a justiça seja feita
Tô aqui pra botar defeito nessa sua vida perfeita
Vai, moleque, tira o pé do breque e mostra que não tem pra ninguem
Eles falaram, zuaram, tiraram ca tua cara
Engatilha, sobe a mira e se prepara, então vai
Vai, moleque, tira o pé do breque e mostra que nao tem pra ninguem
Eles xingaram, julgaram, humilharam tambem
Então mostra pra eles de onde cê vem
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