Contrabando Lírico - Eutanásia (part. Cadete & Hades)
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- Publié 2024-04-03 00:00:00
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- Contrabando Lírico
- Eutanásia (part. Cadete & Hades)
- Traduction par: panzas
Eutanásia (part. Cadete & Hades)
[Bolchevik]
Na calada da noite a injustiça segue plena
Contrabando tá quebrando o silêncio da cena
Um graffiti na parede é um grito de resistência
Através do rap busco minha reexistência
Sentado aqui no topo do morro da desgraça
Analiso o tom preciso da miséria que se passa
Quem mais quer tá no topo se cala frente à desgraça
Por isso que essa cena nunca saiu da desgraça
O silêncio de vocês incomoda (incomoda)
O que a polícia fez incomoda (incomoda)
O presidente de vocês tá na sola da minha bota
Isso é Contrabando Lírico na contramão da moda!
Num estado de espírito que vem causar a revolta
Do povo que se fode porque nunca se revolta
Bolchevik veio peitar o verme que tu vota
A cara do capeta contra a sola da minha bota
Se eu prego agressão? Não. Quanta demência
Só parte pra agressão quem perde na inteligência
Eu não vou sair na mão, não importa o que tu pensa
Mas onde houver opressão sempre haverá resistência
Um caráter fétido, pérfido
Verme antiético, teu perfil é péssimo
À tua filosofia eu nunca serei adepto
E quanto à tua honestidade, eu permaneço cético
Fardado que humilha inocente
Pra mim sempre vai ser inimigo
Amigo que não te defende
Pra mim sempre vai ser inimigo
Um rico com terras extensas
Pra cada mil pobres buscando abrigo
Na pátria armada, quem fala o que pensa
Tá sempre correndo perigo
[Cadete MC]
Mas quem abre uma escola fecha uma prisão
Só que aqui os valores são invertidos
Quem sai do crime e quer vencer pela sua arte
Pra esses vermes de farda continua bandido
Pra eles qualquer preto serve como alvo
Por isso na favela dona Ana tá de luto
Lendo a lei que ampara esse Estado
Descobre que o direito à vida nunca é absoluto
Pena de morte já que a guerra é declarada
Quem dá proteção tá pronto pra te matar
Sou de um lugar que o filho chora e a mãe nem vê
Vencer na vida é ser o vilão que eles ama odiar
Eu fico puto, mas esse é o Brasil
Onde 80 tiros é só uma advertência
Um guarda-chuva é confundido com fuzil
E a lei do sexagenário é a regressão da previdência
Quem dera se essa vida fosse uma noite de crime
Eu seria James Bond em 007
Já que a virada do ano lembra a ditadura
Vou matar teu Dutra com uma 24/7
Pra quê calar nossos poetas?
Me diz se é crime alguém falar da sua dor?
500 anos e a história ainda se repete
Um mesmo povo marcado punido pelo feitor
Cês podem repreender
Mas não vão nos calar
Prendem o corpo, a mente é livre
Não entra algema
Tudo vira letra, vivência
Realidade é uma gota de sangue em cada poema
São rimas, versos e batidas
Que o mesmo que mira é o mesmo que atira
Um pombo sem asa
E uma criança de farda
E tu quer que eu acredite em bala perdida?
[Boyka MC]
Quanto sangue escorre na pista?
Quanto sangue escreve racista?
Quanto sangue escreve machista?
O povo chora implorando ajuda
Não querem teu salvador, precisam do liricista!
Nessa cidade eu me tornei necessidade
Por pregar liberdade de expressão
Sou expressão de liberdade
Não posso viver do sonho, e sim da frustração
Bolchevik, essa cena também me incomoda
Me falaram que sonhar é em vão
Pai disse para botar os pés no chão
Muito pelo o contrário, eu boto dois pés na porta
Bem vindo à sociedade que te priva de ter ideais
Onde repressão interfere em rodas culturais
Devem se atentar
Pois a cada 35 mortes causadas por policiais
1 é porque bandido bom é bandido morto
E as outras 34 são tiros acidentais
Confundiu, ou é oito ou é oitenta, ódio no peito que arde
Quantos Evaldo Rosa dos Santos vão morrer até o final dessa frase?
Gentilli, mas agora é tarde
Mais um pai de família, mais um funeral
País racista, onde jovem negro é assassinado pela pureza racial
Você acha isso legal?
Ter uma nação baseada na inferiorização
Mas o que se esperar do último país ocidental a abolir a escravidão?
Então, te reveste de emponderamento
E veja o solo que nos deste o conhecimento
Mude o que já disseste desses poetas
Repletos de sentimentos
E olhe para o Nordeste e verás
Que a invisibilidade ofusca muitos talentos
A caneta mais lírica da Atenas brasileira
Contrabando chegou!
Veio pra trazer mudança, então vigie suas fronteiras
Isso é Maranhão na cena!
[Ítalo Slim]
Grito do gueto é balbúrdia, meu truta
Manifestação cultural é escândalo
Elite quer arma: Exemplo de conduta
E poeta que é preto: Taxado de vândalo
Justiça do Estado, eu chamo de Pilatos
Lava as mãos, não promove a paz
Condena quem veio trazer salvação
E todo dia livra um Barrabás
Quem disse que acabou a escravidão?
Não tem noção do que nos aguarda
Navio negreiro virou camburão
E senhor do engenho tá usando farda
Se a farda souber que isso é pra mudar o mundo
E tirar minha coroa dessa vida dura
Nunca que me chamaria vagabundo
Nem me espancaria nessa viatura
A maior batalha é longe das rodas
O duelo é sistema versus a favela
Flow é como se comporta e se resiste
Com a lei de plateia fazendo panela
Justiça carrega espada e balança
Pesa seu pecado e decepa sem pena
Grana pesa menos que qualquer inocência
Ah, se ela visse quem ela condena
Espírito livre e as mãos na algema
O medo é morrer aqui sem ninguém
Choro pois lembro logo lá da mãe
Senhor, eu sou tudo que essa mulher tem!
Vermes e leões nesse ecossistema
Sempre é alvo de morte quem sabe demais
E eu nasci no crime de ser poeta
Muita ameaça pra Vinícius de Moraes!
Pai
[Amanda Layna]
Pai nosso, que estás no céu
Essa oração vem das mães pretas
Que choram ao relento, torcendo
Que seu filho não morra onde esteja
Brasil racista
Compra sêmen no exterior, apaga a etnia
Embranquece a pele retinta
País miscigenado provoca eugenia
Gritos em manifesto, guerra interminável
Policial com distintivo disfarçado de senhor
Injuriando a perifa numa viatura
Carregando mais um preto gritando de dor
Ironia é se sentir protegida por traficante
Onde quem é pra defender, só ataca
Sobe na favela atirando em criança
E a bala, que não é tão perdida, nos acha
Peço resistência ao sangue derramado
Apartheid não exilou só o forte Mandela
Em nome do Pai dos dominantes fardados
Que foram jogados do quilombo para as favelas
Essa é por Rafael Braga, Eduarda
Zumbi, Dandara e por cada batalha
Que pelo sistema são silenciados
Presos ou mortos, e nem fazem nada
E foram feitas todas as vontades
Criminalizaram perifas e são covardes
Não, não vou chorar assim no céu como na terra
Olhar o sangue das minas por cada viela!
Por mais uma viela! Por mais uma viela!
Que não seja assim, são seres humanos
Jorrando sangue dos meus manos
Pai, nos protegei!
Eles querem o sangue dos meus manos!
[Hades MC]
Essa revolta é mil vezes pior que todas que cê já viu
Serviçais reféns, troca o refil ou então refaz
Na mente de gente como a gente eles aplicam
Botam o berro na minha cara e querem que eu vomite paz
País onde mais se mata negro, LGBT, mulher e quem se recusa aceitar padrões
Pois ter ideologia própria é errado, certo é abaixar a cabeça e tomar esporro dos patrões
Porra!
Cidades do pecado, Sodoma e Gomorra
Pra quem quer que eu morra só dou uma tentativa
Plantei minha militância e coloquei nas folhas
Resistência, igual rap raíz, sou árvore da vida
Taxaram de vagabundo os que salvaram almas
Me armo de livros e livro os irmãos de usar arma
Tá na marginal é karma, mas meu povo é livre
Pois passar informação foi nosso único crime
Isso é por Zook e pelo 1198
Repressão é mato, taco fogo e piso em cima
Corrijo ditados
O diabo não usa Prada, ele usa terno e gravata e se diz ser o novo Messias
Mano, se policia, veja quem tu põe lá em cima
Festa open-bar pra eles é ver nosso sangue jorrar nas notícias
Note que o ciclo é vicioso
Falta pra educação e até sobra se for pra pagar a mílicia
Até hoje, condição é viver na merda
Essa situ me irrita tipo pergunta retórica
Roubam dinheiro público, aumentam a dívida interna
Roubo a cena e boto a quebra, cobrando a dívida histórica
Como não enxergar algo que tá na cara?
Cara, eles só querem que a favela entre em coma
Ou você toma atitude e começa a votar direito
Ou um zero a esquerda da direta pega seus direito e toma!
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