o arame que rasga, uma faca que mói; desenha-se um oito
que espreme o suor. o pulso dispara quando então te
vejo, falha-me a voz, simula um harpejo. roendo as
unhas, moendo o verniz; abriu-se uma cova no meio do
chão.
roendo as unhas, tusso tremo treino tudo aquilo que vá

finjo a fazer de conta
feito peixe:avião
nuvens como espuma branca
roçando com os pés no chão.
com uma arma mato o tempo - atiro ao alvo pra falhar
muda tudo num segundo demora tanto a passar.

Num pulsar de gravidade
Tiro o que tocar
Mão que deixa de amparar
Nem deixa a luz fugir

Estando perto
Quem cai, tem sorte
Se escapar
Do buraco
Que segura
Tudo em volta
No que tocar
Em que nada se escapa
Tudo passa
Tudo gira
Dando voltas

pela cortina que a luz fura numa dança
agita o pano, e ao abanar solta melodias;
mimos de flor e algodão sobre a pele fria
fluindo em laivos azuis na sombra diluída.

dedo que estala feliz faz uma fogueira,
tece uma festa de lã, desfeita numa cinza;
num canto ovelh

só num pé testei o equilíbrio
duma corda que molhada ardeu;
andei pela muralha de um quintal
caí numa falha falsa de um degrau;
pudera saber levitar e assim fugir
desta casca que sufoca.
deitei-me debaixo do teu arfante paladar
um viciado eleito que nada pôde f

talvez ainda esteja, antes de amanhecer,
a dormir acordado
como quem esteja a dormir num dia mau,
e não queira que acabe ali
solto-me ao rigor de deixar-me improvisar,
no pior que aconteça
se deixasse ver um bocado mais de mim,
perderia o disfarce
sou um g

atei um laço ao meu polegar
esqueci, do que queria lembrar
perdi e não sei.
fui deixando as coisas caminhar
sem ver ou preocupar demais em
ficar um só.
e eu não tenho, não sei para onde ir.
sem lume aceso, gelei.
e a luz a apagar.

A pele ruboriza
Uma febre de morte
Como cruel quimera
Que pelos ombros segura

Cabelo chicoteia
O ar que vaporiza
Um perfume de brasa
Foi esculpido da cinza

No seu jogo
Sem vontade, sou mero pião
Preso pelo olhar movediço
Que me afunda inteiro pelo

sinto o corpo a girar, falho voltas no eixo
sem me segurar, livre, bamboleio
no mais alto timbre, grave, suspirei
dei-me à vertigem
e sem peso, aterrei.
caí numa ilha.
e tendo o vento como vela, que me empurrou à pressa para ali não mais ficar.

assustas-me e eu caio ao chão / depressa e devagar / não deixes dá-me a tua mão para eu me pendurar
não fico mas não fujo os pés não correm mais / junto as pontas soltas não apertes demais
se falas em silêncios não deixo de entender / fico com a boca morta à espera de dizer
fios com

Atirei pedras ao charco
Para quebrar os espelhos de água
O que trago do passado
É a lucidez das horas diluída de mim

Fico a ver as horas que passam
Fico a ver como o coração dispara

Caixa negra de ilusão
Tudo são ideias que não se perguntam
O que trago do pres