Enfim,
Restou a parte mofada do pão
Enfim,
Restou a parte quebrada do chão
Enfim,
Restou a parte nublada do céu
Deixe ver o tempo bom surgir
Deixe o tempo bom te ver sorrir

Um grito
Só nasce
Se alguém
Ouvir
E faz faz faz
Tanto tempo
Que n

Eu ando sob o sol
O suor cega minha vista, embaça
Meu teto é o céu
Eu ligo retas entre as estrelas
A minha sorte vem com o vento
A areia é o fardo dos meus pés
Eu tenho um maço de amigos no bolso
Eu os trago um a um

O mundo todo é meu
Toda sombra me abraça

Não há descanso
Vela o meu sono
Vem contar histórias de reis
Heróis e seus temores
São só rumores
Não há herói nem reis
É só o que Deus fez e fim do dia

Com poesia nina o meu sono
Com amor seria
Cessaria minha insônia
Velaria assim minhas angústias
C

Sentiu, dormiu
Deixou porta, cama, TV
As contas do final do mês
E sua volta deixou um talvez
Dúvida, dívida
Acordou e o velho monstro ainda estava ali
O rojão esperava lá, tão longe
Com o sol insaciável de manhã
Pra matar seu nome
É preciso bem mais que dor

Pulou portão, jogou então
Pra fora o que pegou
Dentro a dona de casa grita “ladrão!”
E a carteira do meu calção
Simplesmente evaporou
Depois de um leve empurrão
Senti que algo faltou.

Nesse circo que é o país
O palhaço e o domador
Vivem em contradição.

Eu sou um tempo
Descrente
Eu sou um mar azul
De gente
Eu nasço e me faço na fala
De cada um
Eu sou a metade da parte
Incompleta

Eu sou mais um
Envolvido na mudança
Eu sou três
Na soma de um mais um
Sou vocês
Me impeça
Que eu acho graça

Pra te chamar pra dançar
Gasto toda minha sorte
Digo, se você aceitar
Seria um show à parte

É ser como criança
Precisa de aprovação
De alguém que te guie pra si
É como um convite pra dançar
A graça está em não saber os passos de cor
O seu "sim" faz um passo,

Estão fazendo vigília pra todos os santos
Tanta corrente de oração
Fazendo frente à paz armada desse mundo cão

Vira-lata, que vira a pata na cara do bom e velho amor
Exaltam o tom de voz e se esquecem
que a verdade se embrenha entre nós
Silenciosamente nos machuca, dói<

Eu queria poder tocar
Todos os detalhes que vejo no céu
Corpos celestes
Estrelas que brilham como nós
Ouço o som que é canto
Do vento que é brisa
Esse mar é tão lindo
É fruto da arte divina como nós
É tão lindo
Acordo de um sonho sorrindo
Você sempre está

Até onde a fé suporta, eu não sei
O que faço dela é motivo de força
É o que alimenta a nossa avidez
E nos mantém vivos
Talvez o que eu espero seja muito
Mas eu posso ainda mais do que espero
Tudo é muito pouco

Não importa o que fizer
Eu sou livre
Mais do que deveria ser
Não importa o que disser
Não ligo agora eu sei
Mais do que eu queria saber
Levantar de novo
Sempre haverá o que fazer
Não é segredo pra ninguém

Não vá
Não vá...

Já importou o poder chorar

Tão cheio de si
Tenta se repelir de si
Precisa se aventurar
E não sabe como correr
Então se esconde em sua casca
Isso é lástima
Isso é lastimável
Isso é lágrima, escorre

O seu castelo de areia
Construído com muito amor e esmero
Não suporta mais tanta chu

Faça o que quer
Transforme em vinho, água qualquer
Seja o que quiser
Seja o que quer
Mas seja forte e antes bom
Infeliz é insistir
Em alimentar o que é vil
Se o que faz bem tem de ser bom
Assistir até quem nunca assistiu

Só o amor constrói
O ódio só faz