Vivo num mundo fantasma
Segregado e desumano
Tudo em seu lugar
Mas algumas coisas nunca terão lugar

Nas ruas dessa cidade cemiterio
O silêncio é ensurdecedor

Setorizada, esquadrinhada
Dilacerada, estraçalhada
Asa morte

Não sei explicar
Mas nessa cova

Essa é a história de uma sociedade caindo
Enquanto vai caindo continua repetindo:

Até aqui tudo bem
Até aqui tudo bem
Até aqui tudo bem

A queda não importa
O que importa é a aterrisagem.

Sua ideia de resistência
Nada mais que egolatria
Sua enorme prepotência
Te faz agir como polícia

Você contra o mundo
Você contra o mundo
Mas o mundo nem sabe de você

O universo não conspira
A natureza não se importa
Você não está sozinha
E nem começou

Esconda o seu corpo
Não pedale nessas ruas

É apenas vontade, não provocação

Se preservar? Se enclausurar
De Vítima a Algoz
De Vítima a Algoz

Uma garota violentada
Um corpo estraçalhado

É o meu direito e não uma invasão

Se preservar? Se enclausurar

Sua fácil desistência
É tudo que eles querem
Sua entrega sem disputa
É o presente que eles querem

Derrotista!
Derrotista!

Sua crença de sofrimento
E de que nada vale a pena
Recalque e incapacidade
De viver sem o olho do poder

Conformismo e adequação<

Odeio deus

Conservador travestido de moderninho
Submissão confundida com positividade
Preconceito disfarçado de bom mocismo
Só explicitam seus privilégios

Não me compare com você
Não somos iguais
Porque eu...

Odeio deus
Odeio deus
Odeio deus

Sou precária e miserável,
Pobre de espírito
Alma vazia,
Carne e ossos.
Suor e sangue

Eu renego sua salvação
Não me interessa sua redenção

Meu pulmão cheio de ar
A cabeça livre do seu deus
Alma vazia e vida plena
Pobre de espírito
Pobre de espírito<