Avestruz escondeu cabeça
Bem debaixo desta terra
Águia pôs cabeça erguida
Pra enxergar planeta Terra

Burro foge pro Egito
A carregar Jesus menino
Borboleta maravilha
Foge, foge da armadilha

Eu sonhei
Com as teclas do piano, que será?
Zebra não entrou n

O pato tava infeliz lá na lagoa
Fez suas malas, foi-se embora numa boa
Andou pra lá, pra cá, perdeu as estribeiras
Adormeceu debaixo de uma laranjeira

Sonhou com o almoço em que ele era o prato
Um pato com laranja muito apimentado
Deu um espirro e acordou sem a laranja<

A girafa é muito magra de ruindade
Come tanto, self-serve-se à vontade
Come a copa, pasta o verde
Na verdade pra girafa isso tudo é um banquete

Ela tem um jeito tão desajeitado
Mesmo alta toma a água ali do lago
Se aproxima assim na boa
Abre as pernas pra descer a s

A água que brotou
O Sol evaporou
A nuvem que nasceu
Deixou o Sol pra trás

Choveu demais, choveu
E o Sol reapareceu

Desceu do céu solar
Desceu do Sol a luz
Desceu do seu altar
Desceu do seu azul

Desceu do céu o calor
E a água evaporou

Vento

Ficara vermelha quando os dentes de Adão
Na vermelha maçã, nos lábios de Eva
Pela costura de treva
Pela candura de Minerva
Deram-lhe a cosmovisão

Nada sabia, nada entendia
Era obscenamente pura
Era tão verde quanto a maçã verde madura
Nada sabia, nada entendia

Canta
E espanta os males, planta
No deserto da garganta
Essa ira quase santa
A palavra ainda encanta
A canção, almoço e janta
A esperança vai vingar

Eu ando triste ultimamente
Me falta voz pra cantar
Procuro rimas entre meus dentes
O que eu mais quero é

Tem mais
Só tenho um dorso
Eu sei, só tenho dor e suportei pilares

Suportei demais
Tem mais
Chicote corta
Bata em mim e bata palmas, ai
Pois antes de gritar
Tarda a paz mas
Se um dorso coça nossa a mente adoça!

Quando criança sonhava ser astronauta
Então vivo nos mundos
Da Lua
De Vênus, de Marte
Da Via Láctea
Qualquer parte, esfera
Que não a sua
Que não mais à sua
Espera

É, não vem
Não vou
Deixa pra lá
Depois se vê
Você queima
E eu não ponho
A mão no fogo por você

Ter coragem de olhar
Pela última vez
E mentir calmamente
Quem sabe? Talvez
Como se a última vez
Ficasse pra outra vez

Você
Foi mais ou menos

Sim, não percebo o Sol
Nem o fim
Sim, pois enfim
Não existe luz
Solidão não sei o que é
Eu não sei (ou sei?)
Sim
Sim
Temor, não tem registro
Não
Não tem
Não tem
Não tem
Não
Sou assim, sim
Tripa de metal
En deshabillé
Luz desta m

Quis me quis por bem
Cisma de quem quer
Sem saber por quê

Preparou o café
Pôs um troço ali
Me deixou lelé

Me queria mole só para ajustar-me com o seu cinzel
Quase que me embrulhou para presente então eu protestei

Então fala mal a quem já me quis
Fala mal

Pulei, quase torço o pé
Pra sair desse trem
Piso em falso
É o carnaval do Fantástico?
Num pulo a Avenida Central beira o mar
Vai num frevo deixado há um ano
Por um trio elétrico
Voando num ônibus, um entre cem
Comprimido no breque
O semáforo, meu Deus, é trifá

Das árvores altas, a queda, a madeira
(Imóvel sem braços pra se amparar)
Do braço, a firmeza da serra atenta
O preciso corte que a régua não dá

O prego, o martelo: Namoro e faísca
A lixa, o verniz, os aplausos gerais
Prontinha a cadeira pra orgulho do artista
Que ch

Cálido e delicado, cada dedo aponta o que escreveu
Tantas chamas chamam oxigênio, o mundo em chamas chama Deus
Toda essa luz
Brilha qual jamais
Correm os carros, os córregos, tórridos olhos
Pés se apóiam em chãos e mãos em corrimãos
Desaba o céu
Abrigos se evacuam

Não se perca de mim
Não se esqueça de mim
Não desapareça
A chuva tá caindo
E quando a chuva começa
Eu acabo de perder a cabeça
Não saia do meu lado
Segure o meu pierrô molhado
E vamos embolar ladeira abaixo
Acho que a chuva ajuda a gente a se ver
Venha, ve

Olhar fixo pro umbigo
Tão aéreo, cansativo
Sempre em fila de espera

Quando eu abria a janela
Eu fechava a cortina
E depois os meus olhos

Óleo, porta e dobradiça
Pra não sentir quem entra
Não ver quem aterrissa

Brisa que empurra a cortina
Põe luz no v

Acho um capricho o lixo sujo sem desfecho
É um relaxo, é um relaxo!, não se encaixa, sai dos eixos
Não se joga ou acha o sujo abaixo do capacho
Pois o que não se fez ontem, hoje faz-se cabisbaixo

Quanto da prece é fé? Diga
Quanto do lixo é lixo?
Diga quanto é

Na l

Quando você
Me ouvir cantar
Venha não creia eu não corro perigo
Digo não digo não ligo, deixo no ar
Eu sigo apenas porque eu gosto de cantar
Tudo vai mal, tudo
Tudo é igual quando eu canto e sou mudo
Mas eu não minto não minto
Estou longe e perto
Sinto alegri

Cheguei no cume de mim
E você achou o cúmulo
Mas deixei um rastro
Pense! siga! me alcance!
Beije a poeira do meu lábio
Puro, sábio, encardido

E ninguém ao seu ouvido
Ninguém pra te dizer
Dizer o errado
Cheguei no cume
No cume de mim
E o mundo achou o

É quando a alma vadia
Vagueia, vadeia com a Lua cheia
Que eu penso em voltar

E essa luz que ilumina
Alumia, encandeia
Volteia, me ensina os caminhos de lá
Só lá

A estrada me trouxe
E também vai levar
Se quando vim trouxe sonho
O que levo é sonhar