Aqui está a viola
Está tinindo pra vocês
No batida do pagode
Cururu e cateretê

No recorte, no catira
Com ela eu faço arruaça
Meus discos estão na vitrola
Meu sucesso está na praça

Aqui está a viola
Pra ninguém botar defeito
Já quiseram pisar nela
M

Vou mudar de onde moro
Pra um lugar bem retirado
Não vou deixar endereço
Estou muito revoltado

Meus parentes são os dentes
Confirma o velho ditado
Morar perto de parente
É morar perto do diabo

Eu falo não são de todos
Vou deixar bem explicado
São esses

No terreiro da casinha abandonada
Eu me lembro com saudade a minha amada
Que partiu para sempre numa noite enluarada
Ela me deixou por eu ser pobre e não ter nada

Casinha abandonada
Na mais triste solidão
Deixou um vazio
No meu pobre coração

Casinha abandonada

A saudade bateu
No meio do peito meu
Eu confesso que doeu
Franqueza, quase me arrasa
Na mesma hora a paixão
Entrou em meu coração
Queimando igual um vulcão
Transformando tudo em brasa

Dei uma volta no mundo
Em menos de um segundo
Dei um suspiro profundo<

Numa tarde muito triste
Do santo mês de dezembro
Com tristeza eu me lembro
De um Natal que passou
Na minha casa chegou
Uma folia de Reis

A sua esmola pedia
Cantando agradecia
Convidando as famílias
Pra festa do dia seis ai, ai

Com minha filha doente

Não vai ser fácil esquecer aquele adeus
Não vai ser fácil esquecer o que passou
Dentro do peito ficou marca da saudade
Meu coração que sempre te amou

Já fiz de tudo pra esquecer os teus carinhos
Mas não consigo esquecer o seu calor
O que eu faço pra conter meu desespero

Eu comprei um carro véio
No desmanche do Cornélio
O povo da minha rua
Botou o nome de pau véio

A bateria arriou
Não dá conta de pegá
Precisa fazer chupeta
Pro pau véio funcioná

O motor bate biela
Os pneus mostrando as lona
Cada vez que eu troco óleo

Num cantinho do meu peito
Tem um coração que chora
Por causa de uma paixão
Que essa dor não melhora

É uma dorzinha fina
Que atormenta e apavora
É amor demais
Não me deixa em paz
Eu suspiro toda hora

Se é que a paixão tem cura
Não espero por agora
P

Com a viola no peito
Em frente meu coração
Vou prestar minha homenagem
A um ilustre cidadão
Por mais de quarenta anos
Encantou nossa nação
Foi amigo dos amigos
Estimado como irmão
Por uma força divina
Antônio Henrique de Lima
Separou-se do violão

Mas