A Espera da Boca

Na boca da noite
Na boca do dia
Na boca do povo
Na boca do lobo
Me faço de bobo
Não bebo, não brigo
Não boto pra fora
Não xingo, não ligo
E fico a espera da boca
Ai quem dera que fosse a hora de pular no seu pescoço

É eu que peguei

Dente de ouro, blusão de couro, Ray Ban
Sempre de olho no tesouro escondido da irmã
Do melhor amigo
Tão bem criada, bem comportada
Deixou de lado o anjo da guarda
Desavisada foi dormir com o Satã

Sai esse Mouro com nossa filha cristã
Que desaforo, que será do dia de

Um dia o Cristo Redentor cansado
De tanto ver lá embaixo aquele horror
Explodiu seu pedestal no Corcovado
E foi interrogar o bando armado
Quem atirou nas crianças, quem mandou?
Todos os pobres do Rio de Janeiro
Cortiço, beco, favela, pardieiro
Saíram para ver o seu gu

Antes de Dormir

Eu só quero mais um copo antes de dormir
Porque eu tenho muito tempo
Porque eu tenho muita pressa
Porque eu tenho muita sede
Porque eu tenho muito medo
De tudo o que vai fechar
De tudo o que vai ter fim

Está tudo tão calmo
Calmo demais...

Não tem problema nem X
Sou um malandro feliz
Quem leva fé no seu som
Verá que cantar é bom
Não me arrependo de nada que fiz
Levei a vida do jeito que eu quis
Eu sempre soube onde pus meu nariz
E o arrepio no braço
É o que sempre dá o tom de tudo que faço
E o a

Eu te vejo sumir por aí
Te avisei que a cidade era um vão
- Dá tua mão
- Olha pra mim
- Não faz assim
- Não vai lá não
Os letreiros a te colorir
Embaraçam a minha visão
Eu te vi suspirar de aflição
E sair da sessão, frouxa de rir
Já te vejo brincando, gos

Eu quero uma brecha
Uma flecha no alvo
Uma seta, uma seita,
Uma meta, uma mecha
Que arda,
Que chame
Que faça que eu ame
Eu quero um espaço
Que faça uma planta
O silêncio da pedra
Sua pele, seu braço
Uma coca gelada
Que doa o meu dente
Eu quero

Fique de olho no apito,
Que o jogo é na raça
E uma luta se ganha no grito.
E se o juiz apelar,
Não deixe barato,
Ele é igual a você e não pode roubar.

O domingo é de guerra, o campo é de terra,
O boteco é do lado.
Na hora marcada, a meia rasgada,
O joelho r

Que tristeza da
O véu de treva que desceu sobre a razão
O pé-de-vento que não dá pra se estancar
O nó de cobra que sufoca o coração
Que tristeza dá
A cruz de fogo no olho mau do traidor
O chão de cinzas que se tem que semear
A mão de sangue que, maldita, esmaga

Uma mensagem perdida
Entre as cartas digitais
Segue aqui traduzida
Em notações musicais
Procura-se amor urgente
Que amenize a solidão
Aceita-se prontamente
Um amor de segunda mão
Amor usado e rodado
Em trilhas de casamentos
Possessivos, ciumentos
Não i

Mesmo com tanto corsário
No convés da impunidade
Sempre sopra docemente
Uma brisa de esperança
No oceano da cidade
Mesmo com esse barco lento
Nevoeiro e tempestade
Mesmo assim de vento em vento
Os marujos acabam chegando lá

Mesmo com tanta vigia

Comentário

E tem gente falando que o rock
Falando que o rock vai acabar
E tem gente falando que o samba
Falando que o samba não vai aguentar
Mas tem gente pensando na música
Na música e nas palavras
Soltas pelo ar, soltas pelo ar, soltas pelo ar

E tem gente pr

Como um ladrão roubei
Rostos, restos, risos
Como um ladrão corri
Riscos, mares, medos
E fui deixando rastros, marcas, mortes
E carregando pedras, presas, pesos
E me entregando sempre, sempre, sempre
Pelo prazer de ter
As sensações totais
E desprezar o tempo, o

Pra te atrair, pra te ganhar
Eu fui um jogador
Quando perdi, sem hesitar
Eu fui um pecador
Quando menti, lhe fiz chorar
Pensei ser por amor
Porém não fui mais que um ator

Coração erradio vive sempre vazio
Não faz ninho em peito algum
Desse amor fui a chama

Eu vou cantar
Um samba pro túmulo do samba
Para mostrar
Que é o cúmulo dizer
Que essa cidade não dá samba
Terra desvairada paulicéia da garoa
Gente boa sempre a mil
O coração do meu Brasil
O samba também nasce aqui
O samba também mora aqui
Em toda periferi

De onde vem essa canção errante
Escondida nas dobras do assobio
Vem de um Carnaval já bem distante
Em que ninguém cantou, ninguém ouviu
Vem do delírio do cavaleiro andante
Na Ibéria longínqua mãe gentil
Ou do porão-senzala de um navio
Jogando culpas nas costas do Bras

Deixa falar, deixa prá lá,
A primeira escola nasceu e está
No velho estácio de sá, deixa falar(x2)
Tinha bamba lá no catumbi
E também na saúde, gamboa
Do sao carlos e da providência,
Desceu gente e só deu gente boa
Foi preciso escolher com urgência
Quais as cores

O amor persegue as cabeças
E a noite segue sorrindo
Traindo pelas travessas
Caindo pelas esquinas

Quebrando a nossa rotina
E no embalo do vento
Mudando nosso destino
No escuro do pensamento

No meio do desatino
Bebendo toda a cidade
Driblando a nossa ag

Desculpe alguma coisa

Eu já cumprimentei todo mundo
Eu já pedi licença pra poder passar
Eu já agradeci, já disse é um prazer
Beijei a sua mão, eu já pedi perdão
Mas um dia ainda hei de cantar o não

Perdão ai, ai, perdão
Mas todo mundo há de cantar o não, o não

E o Vento Levou

Volta pra casa por favor
Estou sentindo a sua falta
Estou morrendo de amor
Numa madrugada fria
Meu coração quase parou
Peguei o teu retrato
Levei até a janela
E o vento levou

Eu sei que fui errado
Mas quem nessa vida não errou
Deus