Eu fui num baile pra dançar a noite inteira
Uma vaneira bem boa de chacoalhear
Daquelas que levanta do chão a poeira
E segue em frente até o dia clarear

Fui preparado pra arrumar uma parceira
Pra namorar no embalo da cordeona
Lá pelas tantas num galpão de chão batido

O Sol vai a trote levando com ele um resto de tarde
É mais este dia que eu passo solito campeando lembranças
Parece que a noite trazendo o silêncio aumenta a saudade
E o tempo não passa no rancho em que vivo com pouca esperança

Já sei que esta noite vai ser o retrato da noite p

Busco segredos jamais desvendados
De quem enxerga de dentro pra fora
Tem seus princípios timbrados no campo
E um sonho avulso calçado de esporas

Alma forjada por seus descendentes
Estampa rude que não se vê mais
Busco os valores dos remanescentes
Pra ter sementes pr

Era domingo de outono e o vento norte
Soprou mais forte o espinilho do fogão
Ele encilhou o seu destino e sua sorte
Quando uma brasa envermelhou aquele chão

Égua serena lampeia a sua cria
Ali nascia um futuro campeão
Fechou a baia e foi na venda buscar fumo
E uma fa

Cada fronteira se ouve o bugio
No meio do mato da onde surgiu
Com o passo largo pulando, roncando
Assim vai passando as noites de frio

De São Chico de Assis foi subindo a serra
Com braçada larga foi galgando terras
Passando trabalho na serra chegou
Em São Chico de P

É rodeio tchê, é rodeio tchê
Ouça o que me diz a nossa comissão
Maragata ou branca, se precisa se repete
Vamo dá amostra do pano sem frouxar o garrão

No fim de semana vamos pro rodeio
Sol rachando de quente ou frio de encarangar
Num cavalo bueno firme nos arreios
po

Tô arriscando o tombo nessa paixão
Fazendo de tudo por essa dona
Não usa cabresto
Naquele corpinho
Não existe doma

Na tenteada o namoro se engrandece
De repente ela aparece
A marvada é caborteira
Que nasceu pra ser solteira
E do nada me esquece

Me liga

Fui num fandango daqueles de chão batido
Passei desapercebido por causa do mulherio
Loira, morena, mulata, negra e cafusa
Cabeça ficou confusa como nunca ninguém viu

E o gaiteiro tocava de um jeito louco
Puxava o fole de soco, pulava igual canguru
Fazendo o povo que no

Toca gaiteiro esta vaneira ligeira
Sou fandangueiro e tenho confiança no taco
Gosto dum tranco de levantar polvadeira
De arrancar toco de fazer soltar cavaco

Ando num mundo meio solto, sem buçal
Desci arisco no cabo de uma vaneira
E o serviço que mais é braçal
Dança

Já chegou a sexta-feira
Não dou bola pra canseira
A noite é fandangueira
Tô bem louco pra dançar
Quando chego na bailanta
Dou de mão numa percanta
Seu sorriso me encanta
E com ela vou bailar

Vou arrastando a chilena
Com esta flor de morena
Tão cheirosa e

Me bandeei pra farra de bombacha nova
Preciso dá uma sova na sola da bota
Cheiroso com uns pila vou campear namoro
E hoje não tem choro, vou levar na maciota

Galopeando pingo, cortando sereno
O mundo fica pequeno pra achar um fandango
É no upa e já que avistemo o rancho

Chegou o fim de semana, sinto cheiro de cordeona
De um xixo para bailar
Saio arrastando asa, mirando o ronco das casas
Bem louco pra candonguear
Se uma china me bombeia num já que atemo a peleia
Nunca fui de me achicar
Sou como diz o ditado: gauchão abagualado
Danço t

No sopro do vento que balança o galho
Na gota do orvalho molhando o capim
No sono tranquilo do recém nascido
No céu colorido do dia no fim

Na voz que agradece o pão sobre a mesa
No fim da incerteza da cura da doença
No pai orgulhoso do filho educado
Que diz obrigado

Ela chegou metendo bota na porta do coração
Com seu jeito de mulher campeira
Parece um sonho é de arrepiar
Sabe ser bem gauchona e também fandangueira

Na lida bruta ela não se assusta
Carca espora, mete pata, grita e dá laçaço
Faz carinho que é uma beleza
Nem parece

Sentado na areia na beira do mar
Numa noite clara e a Lua a me olhar
O vento carrega lágrimas no ar
Quase um ano estou a te esperar

Um barco à deriva
Assim estou
O tempo é o remédio
Depois que acabou

Não é fácil aceitar o final
Quando parecia estar tudo be

Sou da terra do churrasco
Da cuia, do mate amargo
E dos fandangos de galpão
Tenho a pampa por regalo
Sou do campo e do cavalo
Sou garrão de uma nação

Meu traje é bombacha e bota
De lenço, chapéu e espora
Que o mundo me respeitou
Falo tri e falo tchê
Pra

Sem perder a tradição
Vou mantendo este trancão
Sem perder a raiz
Bato o pé numa rancheira
Me chacoalho na vaneira
Do jeito que eu sempre quis

Não importa se é patrão
Se é gaúcho de galpão
Ou gaúcho de apartamento
O que importa é alegria
Um pouco de ousa

Tá do jeito que eu gosto
E umas corda eu vou botar
No rastro de um aspa torta
Quando meu pingo espichar

Pois quando cruzar os trinta
Cerrada quero deixar
Com o bovino já armada
E uma vermelha levantar

E tá do jeito que eu gosto
Já tô na boca do brete
V

Sou domador de cavalo
Boto corda e gineteio
E na cancha da paixão
É que levei um pealo feio

Sou domador de cavalo
Boto corda e gineteio
E na cancha do amor
Eu nunca mais ganhei rodeio

E agora meus rodeios são assim
Encilho meu cavalo sem razão
No levan