Cada vez que faço a escolha errada
Caio, desmaio, tropeço e dou topada
Quem inventou a tristeza que não passa?
Quem colocou tanta dor nessa cachaça?

Águas de março vão passar
Vão cair pra lavar
Só em abril eu vou me abrir
Pra deixar você entrar
Reverter o tempo

Todo dia só
Pra quem não ousa se sentir
Não quero pressa no meu caminhar
Alguma luz ainda há de entrar
Subi no muro pra não me jogar
Pois tenho medo é de me ferir
E a ti

Tudo que um dia você viu desmoronar
Sonhos, devaneios, fantasias, catedrais
São átomos de vida, matéria de paixão voraz
E mesmo assim, dispersos, não vão sumir jamais
Nós resultamos dessa dor
Incontornável como o suor no calor

Todas as coisinhas que você quis construir<

Deixa a brisa refrescar suas ideias                                     
Acalmar o coração 
Sei que todo tempo do mundo é pouco
Para caminhar com seu irmão 

É preciso navegar contra a maré 
Largar os pesos, as medidas e cair de pé
E é impreciso querer ser o que não é

Mas olha lá
A esquina do teu rosto
Vem me dobrar
Mas quem será?
Tem que ficar odara
Pra não pirar
Mas sabe lá
Se tudo de repente
Se transformar
Mas quem dirá?
Tem gente que só perde
Por esperar
(Teu sorriso
Morde meu juízo
E faz o céu quere

Quero nem pensar
Que isso, lá no fundo
É medo
Não tem nem mistério
Pra pintar
Nem tem segredo
Olha na minha cara
Diz que não sente nada
Quem consentiu se cala
O choro se escancara
Mas daqui a pouco, logo, logo passa
E a gente, e da gente nem se fala

Outra vez
Você diz talvez
A ferida aberta
Na certa
Não estremece
Tal solidez

Outra vez
Essa embriaguez
Se a saudade aperta
Na certa
A cerveja dissolve
Minha acidez

Vez ou outra
A fera esquece
O que a jaula faz
E lhe fez

Me cat

Tigre também eu sou
Também sei matar
Aprendi odiar com doçura
Manda descer pra ver
Senhor do bonfim
Do avesso o mau começo
Onde vai dar

Ânima, lâmina
E lá vou eu sem olhar para trás
Animal feito respirar
Ser corisco
E correr risco
E querer mais</

Já nem sei porque
Eu não quis me deixar levar
Mais cedo encontrei
Outra camisa sua aqui
Falhei por calar
Não é bom ficar sem pedir
Travei quando ouvi
Você me pedir pra ficar

Água para não beber
Beber sem poder me embriagar
Sete noites sem dormir
Uma

Se você me perguntar
Que sentido tem viver
Posso até tentar dizer
Mas o fato
É que eu preciso aprender

Se você quiser saber
O que eu acho que é amar
Posso até tentar contar
Já sabendo
Que é melhor fazer que falar

Viver é maior
Que o medo de estar s

Nem que a máscara caia
Vou pra maracangalha
Vou levantar pó
Se ninguém mais quiser
Vir comigo
Eu já sei que eu vou só
Todo de branco
Meu chapéu de palha
A cara limpa
Eu vou pra lá

Se até o mar
Levanta
Para bailar
Com a lua cheia

Se o vento
Faz a folha
Se requebrar
Balé na veia

Meu
Teu corpo afora
Me incendeia
Jazz
Nuvem de poeira
Pra trás
Nau, vela, gás

Se faz chover
Ou se faz
Rodopiar
Ou serpen

Fim de tarde afina a alma
Uma calma que chegou pra ficar
Mui bem-vinda essa vontade
De permanecer com as pernas pra o ar
Ignorar calendários
Deixar a segunda-feira pra lá
Se livrar dessa saudade fatal
Que quem tá na chuva é pra se queimar

Esquece esse relógio e

Antes que aconteça
Certeza seja por mim
Uma vida inteira nas mãos
Um pôr-de-sol no capim

Pedi mais uma
Eu vou ficar
Eu quero ver o sol nascer

A mão da manhã
Já fez sinal
Querendo desanoitecer

Quando a cidade
Se levantar
Já estarei em tom maior

É tanta sede
Pra pouco mar
Os prédios não sabem de nós

Pra quem quer se perder
Caça jeito ao caminhar
Ninguém vai me tolher
Meu direito a delirar

Pra quem quer entender
Custa nada de explicar
Não assusta viver
O meu medo é não voar

Eu só queria encaixar
Meu viver no seu de vez
Que pena você só poder chegar
Depois das três
Se der pra cantarolar
Algum caetano, cabe inventar
Motivo e ser feliz
Ao menos
Um domingo ao mês

Dá um pulinho aqui
Pr'eu devolver
Os abraços que não dei