Pedro Terra - Milonga De Terra Bruta (part. Richard Pereira E Lucas Gross)
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- Published 2024-05-06 00:00:00
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Milonga De Terra Bruta (part. Richard Pereira E Lucas Gross)
Cantares de vento livres
Da Alma de Don Osíris
De Eron e Zitarrosa
Martín Fierro, e o idioma
O mesmo de Don Caetano
E de Noel Guarany
Querências de Aureliano
Bilingües manos encordadas
Desde el vientre de la guitarra
Nasceram os rumos do meu canto
Fumaças de galpão grande
Que fogoneia pairando
A lenha bruta molhada
Oriunda lá das canhadas
Das antigas reboleiras
Que os capões ofertaram
Pra iluminar os fogões
Num gesto da natureza
Que parece compreender
As raízes dos galpões
E o velho petiço pipeiro
Que mata a sede da estância
Num vai e vem sonolento
Pelo caminho sombreado
Costeando por entre matos
Cantiga de água e madeira
Ringindo notas sem graxa
E só para na porteira
Saludando o gurizito
Pelo vício das tronqueiras
E estes cantares terrunhos
Que a três pátrias pertencem
Identifica a minha gente
E sua moldura de campo
No hay quem possa apagar
As origens dos pampeanos
Pois a alma dos galpões
Ponteia a milonga que canto
Pasto antigo dos bocais
Tingindo o tendo de couro
Sovado pela saliva
Destes baguais retovados
Que as primaveras devolvem
Renovando as tropilhas
Da herança de Solanet
Que aqui deixou estampada
Com a fibra de um gateado
E a paciência de um manchado
Meu canto de terra bruta
De pedra moura empilhada
Da madeira falquejada
Com a mão sensível do enxó
Que nas quarteadas benquistas
Levantou rancho e paiol
Pra abrigar os pampeanos
Ancestrais deste meu povo
Genuínos, meus avós
Que o sereno batizou
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