Quem vem lá?
Quem bateu no seu corpo?

O dia caindo
Caindo o dia
Caindo de cá

Eu nunca parei
Para atravessar
A rua em que eu nasci

O morro
Da catedral
Caindo no mundo

Eu nunca parei
Para relembrar
O tempo que eu vivi

Teu rosto
No meu quintal
A cura de todo mal

Eu vou me esquecer dessa cidade
Que não volta pras pe

Pela luz do dia
Vez de meio-dia
Eu me vi jogado e atirado entre os seus
Sussurros e sonhos

No arrasa-roupa
Pele, carne roxa
Pela nossa casa
Que é nada especial
Flores em um arboral de cores
Todas mortas
Folhas velhas
Encarrilham o céu azul
Que eu

Sob a fumaça dos novos ares
Entre os fusíveis da cor
Nasço calado outra vez nesse rio
Se alagar, alagou

Desenlaçar ponto cego de nó
Ou lançar mão da razão
Há uma verdade oculta e cega
No peito do meu irmão
Há uma cidade de veia aberta
Nos olhos de quem se vê

Última mãe
Filha de iara
Desce-me, então
Tua morada

A noite vai se debruçar
Num manto d'água

Última mãe
Das águas claras
Desce tua mão
Feito navalha

A noite vai se debruçar
Num manto d'água

Vai lá
Se teu Deus te esquecer
Vou perder nessa vida
Perco em dobro pra você

Meu pai, nunca lhe ouvi falar
Mas por minha vida
Corra pra me encontrar