Amigos do Rio Grande peço atenção um momento
Pra cantar nessa vaneira o meu agradecimento
Visitei muitas querências trazendo minha bagagem
Carregada de carinho dos pagos onde eu fiz passagem

Santana do Livramento, Alegrete e Itaqui
Uruguaiana, Rosário, Dom Pedrito e Cacequi

Cambicho
Vaneira - Autores : João Antunes, Vasco Rodrigues e Edson de Souza
Música : Airton e Anilton Peixoto

Uma bombacha de brim
E um lencito colorado
Um chapéu maior que um tacho
Que trago sempre tapeado
Esta estirpe de índio macho
Que reponto em meu legado

Peço permissão ao patrão
Para ir me aprochegando
Minha saudação é singela
Por isso faço cantando
Brotam versos da minha mente
Trago a pampa na cantiga
É bem do jeito que eu gosto
Cantar da maneira antiga

Canto encanto
Festa carinho
Amo meu Rio Grande

Meu baio enfiou a cara
No meio das duas mãos
Fincou o focinho no chão
E prendeu-se a veiaquear
De cima quis me tirar
Credo em cruz nossa senhora
Eu disse vai ser agora
Que vamos nos acertar.

Mas eu gosto do meu baio
É cavalo de patrão
Depois daquela

Andava remoendo os meus pensamentos
Buscando um caminho para te encontrar
Parti para ação e deixei de lamentos
Um coração sozinho não pode ficar
Me encharquei de cheiro e fui pra festança
Pois eu sou chegado em um ctg
No decorrer do baile uma esperança
Brilhou em meus

Sentado em riba de um cepo
Por moxinho apelidado
Os noventa e poucos anos
O deixaram assim curvado
Índio velho peão de estância
Marco do nosso passado

Puxe um banco e sente ao lado
E escute com atenção
As historias do rio grande
Que contas com emoção
Sua

Quando o sol apeia no horizonte
Se debruçando no catre do poente
Dobram os sinos anunciando ave maria
E a nostalgia amadrinha este vivente
É nesta hora lobuna no fim da tarde
Que eu pego a cuia cevada de ansiedade
Me estabeleço no cepo de meus recuerdos
E vou sorvendo

Sempre gostei de mulher
Porém a cor eu não ligo
Tem uma que eu gosto mais
Essa verdade eu lhes digo
Quando chego num fandango
Danço no sistema antigo
E a morena flor de tropa
Já sai bailando comigo

Das minhas 104 cartas
Meu trunfo é o as de copa
Saio dan

Quando pego minha gaita chorona
Me lembro dos bailes de lá da fronteira
Puxo fole num tranco manhoso
Me sinto orgulhoso tocando a vaneira
E a moçada levanta do banco
Aproveitando o tranca pula e sapateia
E a cordeona chorando se embala
Parece que fala hoje a sala "ta"

Pulei do catre aticei logo o braseiro
Peguei a erva pra cevar meu chimarrão
Atirei logo um charquesito sobre as brasas
Merece vaza a dura sina de peão

Tenho a semana pra lidar de ponta a ponta
O sol desponta me acenando campo a fora
É só aprontes de apetrechos e arreios

Dizem que o sol e a lua
São eternos namorados
E que o sol é romântico
Esta sempre apaixonado
A lua com seu sorriso
Muito meigo e delicado
Como pode os dois amantes
Viver sempre separados.

O sol tem brilho no olhar
Clarão de rara beleza
No raiar de cada d

Sou desses tauras que madrugam no serviço
Neste oficio de tropear sempre disposto
E quando a aurora vai bordando seu início
Antes do vício passo a água no meu rosto.

Angico bueno num foguito se extravasa
Pra um topetudo com sabor de liberdade
E a carne gorda eu vai ping

Não há no mundo patrício quem não conhece a saudade
Que puxa barbaridade como incomoda um vivente
Rondando constantemente nossas guaxas alegrias
Até fazer moradia dentro do peito da gente.

Eu nem sei bem explicar e poucos sabem também
Creio ser resto de um bem que fica ergu

Quando eu vim pra cidade, trouxe uma bicharada
Vaca de leite porcada, e até galinha com pinto
Mas logo secou meu cinto, eu não pude resistir
E tudo isso eu vendi, só ficou de fora o pinto

Lhes digo aqui na cidade , o negócio é diferente
Ninguém tem pena da gente, e o povo é

Existe uma saudade
Que ronda meu coração
Quanto mais o tempo passa
Mais aumenta a solidão
As horas vão passando
Eu tentando te esquecer
A tristeza do meu peito
É por falta de você

Só deus sabe até quando
Vou conseguir agüentar
Eu só quero que me diga

Quinze anos se passaram você não é mais criança
Receba com esperança, o raiar de um novo dia
Vejo em sua alegria, um inicio de experiência
Começando adolescência com grande sabedoria

O brilho do teu olhar
São lagrimas de alegria
Que transmite a simpatia
Todos querem

É num fandango gaúcho ou num baile de luxo quando me chego
Eu pego a cordeona e toco a vaneira até a "porvadera" me suja o pelego
E se o baile é animado e bem enfezado não tenho sossego
A indiada dançando e o baile não para, eu sapeco de cara a vaneira do nego

E a morena f