Despertador te diz acorda
O mundo lá fora
Te cobra peçonhentamente

Banho de gato
O tempo disparado
E você aí

Corre, corre, corre, corre, pega o metrô
Segura firme se não vai cair
Aperta e desaperta
Encontra uma brecha pra sair

Calma
O coração diz

Vapores de lavanda
No asfalto de 40 graus
Calor de primavera

O rio é suor
Nas camisas de algodão
Os ternos são trevas, contramão

O peito é portal de imensidão
Os lábios do não
Era de incerteza, solidão

A mente é engrenagem de tudo
Eu sei mas não sei

Mater, madre, mater, madre, mater, mãe, Odoyá
Anauê o ventre, Aracy, Crisocola, Baobá
Salve Artemis, Gaia, Sara Kali, Iemanjá,
Mater, madre, mater, mãe, de todo lugar

Mater, madre, mater, madre, mater, mãe, Odoyá
Anauê o ventre, Aracy, Crisocola, Baobá
Salve Artemis, Ga

Meu peito te sente aqui
De longe a saudade expande
Corrói em mim
Me faz ser cinza

Escorre assim
Olhos de chuva que inunda a calma
Turbilhão do que transborda de mim
Do que não cabe mais aqui dentro

Nem o vento é capaz de levar
O que teimo em guardar
Ba

Onde o sol te aquece no fim de tarde
Onde o farol ilumina o seu caminhar
Onde o povo é patuá, amuleto da sorte
Onde as águas do mar vão te abraçar

Eu vim de lá
Eu vim de lá
Eu vim de lá
Eu vim de lá

Onde os barcos da Ribeira são poesia
Onde o Fort