Catavento pintado
A hélice azul
O eixo encarnado
Aconchegado entre os dedos dela
Retrato, tela inicial
Descanso eu

Correndo os olhos pela pele
Me aventurando à brecha que o vestido verde dela deu
No horizonte aquarela
A flecha amarela ilumina um fio
Lara

Colapsou
Satélites pipocam faíscas de luz
Que fingem estrelas cadentes

O mundo parou
A terra agora é quem convida
A um novo despertar
Por hora distantes, um palmo
De abraços e afetos
Afeitos

Olhos de tela
Pintam saudades
São cores que eu não vejo m

Estou entranhada, ligada à seu movimento
Antes de você perceber eu já tô por dentro
Amarro meu laço meu jogo disfarço, te faço dançar
Engano, me escondo
Eu sou a saída mais clara e quero que você me queira

A sua cabeça, eu sei que já ando fazendo demais
Mas você não cai

Enche de sorrisos
Os lábios mais teimosos
Com seu turbilhão
De histórias animadas
Escreve canções
Rabiscos num caderno

Faz pensar que o mundo
Pode acabar amanhã
Que nada se perde e tudo se renova
Num vai e vem de sonhos

Deixa a vida girar
Feito rod

Eu mandei meu amor pro espaço
E agora, o que é que eu faço
Com o vácuo da minha solidão?

Eu troquei meu quintal ensolarado
Por uma nave aos pedaços
Uma viagem rumo à escuridão

São difíceis os dias desse tempo
Precisamos tanto de um invento
Que nos ajude a sonh

Se eu pudesse eu comeria a noite
De noite eu me fartaria
Guardava a lua num pote de margarina
Pra passar no pão de cada dia

E passaria a vida de bucho cheio
Meu passadio seria a poesia
De sobremesa nuvens de algodão doce
O pó de estrela seria minha farinha

Pra

Quando eu chegar
Não quero salva, nem ovação
Nem quero gente falando que me adora
Não quero cara nem de emoção
Quero chegar
Como qualquer mero cidadão
Com meu espaço, meu dinheiro
Meu cabelo
Pretendo ser mais um na multidão

Não quero ter
Dinheiro fácil,

Laiê iá iá láiê ia
Laiê iá iá láiê ia
Aiê aiê
Aiê aiê
Aiê ai

Na jabuticaba dos teus olhos
Eu vejo um imenso horizonte a mergulhar (laiê laiá)
Na jabuticaba de seus olhos
Eu vejo um doce deserto a me inundar (laiê laiá)
Na jabuticaba dos teus olhos
Me per

Menina dos lábios vermelhos
Que dorme com meu coração
Menina cabelo enrolado
Desenho colorido tatuado

Menina do rosto bonito
Que dorme na minha canção
Acende um cigarro na sala
E abre aquele nosso Cabernet
Menina

Me pega no colo
Derrama teu rio em mim<

Esse teu riso solto
Me molha, me acende por dentro
Esqueço o livro na cabeceira
E vou correndo escrever histórias
Nas linhas da palma da tua mão

De vez em quando
Me abro contigo sobre o avesso de mim
Aquele lado escondido
Que me abraça pra dormir
Por um enca

No teu braço eu me acho
Rio abaixo eu vou
Rio e acho bom demais
Me afagafogar
Meu amor Atlântico
E as ondas lá
E as ondas lá e cá
Pelos dedos me escapa
Seu cantarolar

E ela me falava água
Ela sussurrava água
Ela murmurava água
E eu mergulhava

Num vai e vem sem tempo
Você me trouxe um novo jeito de pensar
Você se abriu pra mim num minuto
E me ensinou o que é amar

Eu vi o seu sorriso pra mim
E a sua cara de quem já sabia
Que não havia como fugir
Daquele amor que eu não conhecia

(Refrão)
Da cor da

A saia balança
As roupas bailam
Se ela estende no varal de náilon
Se ela estende roupa no varal

Vestido, blusa, o vento veste sutiã
No varal de náilon
Na manhã árida do bairro

É, as nossas roupas bailam
Trocam botões e babados
Elas vão se cruzar logo mais<

Vem cantar comigo
Dedilhar os nossos sonhos
Vem sonhar comigo
Rabiscar nossa canção
Na madrugada, acordar a alma
E dançar na sala
Samba canção

Uma flor vermelha em teu cabelo
Olhar sereno desaguar
De abraço aberto, aconchego
Abraço aberto pra morar