Esta rede que teço
pra vida embalar
Meio, fim e começo
Só com fio de amar

Onde vou, no que vejo
Só me deixo ao mar de amar
É que o amor benfazejo
Me deu asas pra voar

Voa, meu bem-querer que deu flor
Vou até onde vai o amor

A teia cresce
No sobe e desce
Da aranha vem
Seu vai-e-vem
Joaninha pousou na florzinha
Joaninha pousou na florzinha
E o pneu do carro virou uma rodinha
De brincar, de dar uma voltinha
Balançar no balanço da pracinha
E brincar com a minha amiguinha
Balançar

Ilê é casa
De mãe Iemanjá
Nas águas do mar,
Mãe-flor, odara

Colo, acalanto
Cálido pulsar
Me acolhe a todo instante
Mãe cantante deste mar

Mergulho em teu mar
Me deixo levar
Ondas balançar
Seios de Iemanjá

De lua e mar
vou me banhar
Ca

Gentileza gera gentileza
Gentileza gera gentileza
Todo ser nascido
É um ser bem-vindo
Em nossa mesa
Todo ser bem vindo
É um ser repleto
De beleza
Gentileza gera gentileza
Gentileza gera gentileza
Coração tocado
Pelo amor
Da natureza
É como um

Minha mãe lavando roupa
Entre os pássaros no quintal
Claro dia de verão
A tremular no varal
E eu menino sonhador
Olhando o vento a balançar
Pano claro em branco dia
Iluminou meu olhar

Daquele pano escorriam
Cristais de azul turquesa
Anis que do

Meu boizinho do encantado
Vem brincar, boi berrador
Boi das margens do outro lado
Espírito encantador, ê

Boi, boiê, boiê, boiá
Boi, boiê, boiê, boiá

Meu boizinho da Mantiqueira
Veio pela mão da brincadeira
Meu boizinho daquela serra
Canta, dança, pula e berra.
Dança a dança da mãe que queira
Mundo liberto sem fronteira
Vida nova sem usura
Com alegria e com fartura

Vem boizinho, das serras de lá
Mantiqu

Aqui, sobre este chão, que se linda verde
Que se esbanja, laranja, gentil
Generoso na peleja
Que aqui se graceja e verte
E sobe e sobra, num óbvio céu de anil

Céu imenso, laço propenso
Ao meu devanear sutil
E um generoso manto azul
Que minha mãe me ajuda e eu ve

Minha burrinha que é brasileira
Que leva a vida sobre o costado
No mundo inteiro arriba a poeira
Festança é tua, galopa inteira.
Pra todo lado, ê pra todo lado.

Minha burrinha que é companheira
Que está comigo em todo canto
Dança bonito burra ligeira
Da meia vol

A burrinha cavalguinha
Mundo afora passarinha
A burrinha cavalguinha
Passo solto, ventania

Eu mais minha burrinha
Sua vida é como a minha
Partilhamos o trabalho
O sustento e a alegria

Cai sereno cai
Na rama da mandioquinha
Cai sereno cai
Na rama da mandioquinha
Eu joguei água de cheiro, oi
No colo da moreninha

Cai sereno cai
Na rama da mandioquinha
Cai sereno cai
Na rama da mandioquinha
Eu joguei água de cheiro, oi
No colo da more

Além da morte
Que raia o novo dia
[estrela guia

Céu é o norte
Deste longo caminho
[da alforria

Caminheiro caminhar
No caminho sem cansar
O prazer de caminhar
É maior do que chegar

Caminheiro

Cantar vale sempre mais
Pelo vento novo
Que o gesto de amar traz
Cante um xote animado
Cante côco ou baião
Num xaxado arretado
Arraste os seus pés no chão
Cantar, vale sempre mais
Cante cantiga de roda
Embolada ou um martelo
Todo canto é lua nova
Alma

Tivesse asas de passarinho
Cantando leve, singrava o ar
Vaga-lumes em noite escura
Cigarras de luar

Enlevado em canções
Sublimado em poesias
Sobrevoando gaiolas
Cantar fortuito noite e dia

Som que há em tudo
Nos incendeie
Sambe o Deus bom que há mim

Vem pelo vento um canto novo
Dizendo por mil orifícios
Que sejam todas minhas bocas
Cantar é o meu ofício
Eu digo: não é fácil nem é difícil
Reviver, remontar memórias
Se jogar de luz precipício

Nosso canto é do mar
Alto mar navegar
Nosso canto é a luz
da lua a nos alumiar
Mar és deste cantar
No nosso canto
camarão lagosta e bagre
Peixe do bico de sabre
Nadam juntos pra voar
Pois quem é vivo
Valoriza o aqui estar
Vê na própria vida um motivo

Correu pra dentro da capoeira
Pulou riba da cachoeira
Corrida doida desvairada
No peito a alma transtornada
O sol queimava seu tormento
Seu suor e sangue eram alimento
Senzala desola a humanidade
Por que tão branca crueldade
Fugir é extremo de coragem
Quilomba

Senhores donos da casa
Dá licença de chegar
Pois viemos pra cantar
E aqui cantamos ao chegar

Eh! Cantoria boa de cantar
Traz, alegria a quem se entregar

Chio de riacho
Assobio de morcego
Estalo de rabo
Canina brava
Deságua
Dá sova
Desova
A lava
Que jorra
Que sobra
Do nada

Ciranda se encheu de rosas
Quando Cora deu a cor
Todo mundo então dançou
Quando Cora cirandou

O doce cora no fundo do tacho
A doce Cora vê doce em toda cor
A fina mão borda na borda e embaixo
A flor de Cora planta rosas com amor

Ciranda se encheu de rosas