Não pretendo escrever
Serei ofício
Ainda nem mesmo decifrei
As palavras guardei
Anoiteceram no baú

No caracol da escada
As lembranças voaram
Quando na rede dormiu
O equilibrista

No drama da vida
Não sou o ator
Sequer a obra

Me vejo no quadro<

Já conheço o teu rosto
Os teus mistérios
Não precisas de máscara
Para entrares em cena

O espetáculo deve ser
Como tu és
O espetáculo é o teu ser
O palco sou eu
Os atores somos nós
O palco sou eu

Já conheço o script
E o roteiro
Não precisas de e

Hoje eu sei que o mundo
Pode nos dar um segundo
A mais pra pensar

Quando ando penso
Pensando vou fundo
Não dá mais pra parar

Sei que vou pelo mundo
Como uma vela aberta no mar

A vida é descoberta
Nunca será tarde demais

Mas você precisa passar fome

Quando quiserem calar-te, juventude
Lembra-te da alma das flores
Fazendo do silêncio seu campo de batalha

Ao encarcerarem-te, juventude
Recorda-te que as paredes não têm limites
Elas sabem ecoar

Cortarão suas pernas, juventude
Não poderás voltar
Então enxerga

Comendo o pó das gavetas
Vestindo ideias mofadas
Lustrando a máquina
Embalsamado à tecnocracia

Ninguém brilha

Iluminando o lugar-comum
Polindo as calhas da vaidade
Esperando a Lua nova passar

Ninguém brilha

Embaçado nas vitrines
Traficando desesper

Pelas estradas que eu passar
Vou levar a tua imagem
Em minhas lembranças

Antigas províncias
Longínquas distâncias
Viagens e andanças

Ah, esse teu rosto de fada
Estrela gótica
Barroca paisagem
Cintila em teu corpo
Como o sol
Como o sol

De chegando a chegar
Não vivia esse lugar
O marasmo exilei
E do tédio declinei

Sei que sou um andarilho
Viajando por aí
Eu, errante, e o caminho
Andejando por aí

No telhado o brilho da Lua
A vidraça quebrada
O orvalho emprenhando o chão

A semente

Habitamos lugar nenhum
Um lugar existe em nós
Lisérgico sonho
Aqui nasceu
Livre
Solidário e
Divertido
Viajando na rota do Sol
Para onde nosso mundo vai
São vaga-lumes na estrada
Giram
Lúcidos
Incompreendidos

Livres
Solidários
Divertid

As noites calmas
Os dias leves
Manhãs brancas
Tardes suaves

Sem o brilho
Da tua presença
Minha alma faz greve
Greve sim

O canto grave dos pássaros
Suave e leve
Como o meu sonho de ícaro
Traz o perfume da tua pele

No tic-tac das horas breves

Vou transpassar
A parede da solidão
E vencer o cansaço
Do meu coração
E libertar das amarras a emoção

Quero transpor
Esses muros que construí
Me lembro bem era inverno
E já estava aqui
A todo torpor
Mas nada eterno

Quero lançar às águas
Um navi

Quero rasgar fronteiras
Quero afrontar bandeiras
Libertário almejo um mundo
Sem poder

A sociedade há de surgir sem lei
Um Bakunin existe em nós
Sem propriedade, ego, religião

Quero ser livre sem ter estado
Todo estado é uma prisão

Também Proudhon persist