Eu sou poeta
Liberado ma non troppo
Se puder tiro da reta
Se não der eu viro o copo
Eu sou malandro
Mas conheço meus limites
Só mergulho de escafandro
Não me mudo sem habite-se

Sou da virada
Boto lenha na fogueira
Bato por pouco ou por nada
Me mando

Igual a você que bate no peito
Diz que não muda assumindo defeitos
Pois já não atura, qualquer tipo de discussão
E vem tirando onda, bam bam bam da história
Nunca deixa pergunta sem resposta
Nem mesmo uma prosa sem conclusão

Malandro e boêmio, lá do centro da cidade

Surgiram da mata, os caboclos
Caminhando na areia no rastro dos outros
Surgiram da mata, os caboclos
Caminhando na areia no rastro dos outros

Salve Iemanjá
Salve a sereia
Salve os caboclos que pisam na areia
Na profunda cadência do mar
Renascemos ao clarão da Lu

Quero alguém que me mereça
Alguém que nunca se esqueça
Que sou arvore semeada de bom ar
Do caule somarei frutos a terra
Pois nasci nessa floresta, semeada de festa
Que a natureza me dá
O prazer de sentir, de ouvir e me manifestar!

Solidão já é maldade para quem tem

É preciso estar sempre embriagado
Isso é tudo: É a única questão
Para não sentir o horrível fardo do
Tempo que lhe quebra os ombros e o curva para o chão
É preciso embriagar-se sem perdão
Mas de que? De vinho, de poesia ou de virtude, como quiser
Mas embriague-se

E

Tu é flor sem jeito
Saudade que eu mato no peito, ardor
Vara de goiabeira
Subiu desceu a ladeira, amor
Criativo mudo
Sonhou viveu no absurdo, passou
Erva daninha torta
Rastreou, apostou na resposta, errou

Que nem virada de mar
Que nem calor que incendeia

Maná manô chamô
Te’mbalá vem cá aiê iée
Manô maná mandô
Tu mama lá qu’eu mamo cá aio

ManoSol, ManoManaLuá, Manô Manachamô, Manômandô chamá
ManoSol, ManoManaLuá, Manô Manachamô, Manômandô chamá

Ela é fruto da semente, a semente da história
Cultivou em meu futuro o

Levanta essa saia Matilde trabalhar
Levanta a tua saia Matilde vai cantar
Dolores Segura tuas dores Dolores
O tempo leva o sofrimento
Quando passa já passou

Levanta essa saia Matilde trabalhar
Levanta a tua saia Matilde vai cantar
Dolores Segura tuas dores Dolores

Minha viola
Ta chorando com razão
Por causa duma marvada
Que roubou meu coração

Eu não respeito cantadô que é respeitado
Que no samba improvisado me quisé desafiá
Inda outro dia fui cantá no galinheiro
O galo andou o mês inteiro sem vontade de cantá

Nesta cida

Vou pescar no mar da vida
Águas dos sonhos de homens normais
Pescar o pão que mata a fome
Fome de sonhos, de amor e do novo

Por vezes rede cheia, rede vazia
Mãos marcadas pela força, força da ventania
Por vezes rede cheia, rede vazia
Mãos marcadas pela força, força

Branco é teu rosto, branco é o véu
Menina bonita vem lá do céu
Nuvem descendo, neste arranha céu
Menina, pega o teu véu

Você é luz, e sabedoria
Esse teu véu, é a estrela guia
Cobre menina, tem sonho de criança
Cobre com o véu e sonha

Sonha com o Sol e o luar