Rosa Maria Egipcíaca

É sonho ou imaginação traz Rei Sebastião
Em grande festa no palácio encantado
Em folguedos para o sim de rum reinado já sonhado

A bestialidade do dinheiro constrói porões negreiros
Porões que até hoje mostram o fel
Toda abelha acorrentada em cativeiro
Sente do jardim o cheiro e o sabor do mel
Nossa abelhinha é rainha, cumpriu o seu papel
Nascida na costa de Ajudá, no atual Benin
Sua origem é courana, aos seis anos sua infância teve fim
Diáspora obriga a menina atravessar os portais do nunca mais
Resistência em sua sina
Lutar, vencer, honrar seus ancestrais

Hoje a Viradouro é tua saga
A Sapucaí te consagra
Mulher guerreira e cheia de luz
Rosa Maria Egipicíaca da Vera Cruz

Nossa emoção se faz presente trazendo a força da mente
Em corpo quente usado sem pudor
Armas da sobrevivência não existe vida fácil
Só senhor!!
Não se entregou e se feriu, marca na história
Primeira negra escritora
Feiticeira e beata, toda faceta reflete o que conduz
Toda pedra é preciosa nos caminhos pra Jesus
É gira saia, rezadeira, conselheira
É corta matas, muitas léguas no sufoco
Presságios, exorcismos, Pelourinho
Vela na língua é corta pele do seu dorso
Mulheres aflitas sem amparo
A flor do Rio chega em socorro