Nunca se sabe qual a verdade
Falam tanto de nós dois
Quanta maldade, nesta cidade
E a gente se expôs
Certos momentos faltou coragem
Quase nada se falou
Impaciência ou muita viagem
Nos afastou...

Enquanto te espero
Meu vício continua a ser
Fazer uma cançã

Oi nessa madrugada
Antes do galo cantar
Eu vou matar a saudade
Da curitibana lá do Paraná
Apaixonado coração "maguado"
Recordo o passado
Começo a cantar
Pois vou me embora
Decidi agora
No romper da aurora
Eu vou te buscar

Oi nessa madrugada...

Na banda de lá
Na banda de cá
Na banda dali
Ou na mesma banda
De todas as bandas
Vai ter festa na vila
No compasso ritmado
Sob o céu ensolarado
... Chora viola canta coração...

Esse canto que sente e sai
Vem das cordas do coração
Essa viola que tanto

Terra que ontem nos viu chegar
Terra que nos viu crescer e sonhar
Transparentes cachoeiras
Velhas lendas garimpeiras
Tesouros sempre a enfeitiçar

Terra que por sorte é nosso lar
Terra que não cabe em nosso olhar
Quando estamos na Chapada
Não tem fim noite estrel

O nosso amor é lindo e leve
O nosso amor é transparente
Ele é tão puro quanto a neve
E deixa tão feliz a gente
O nosso amor não se descreve
Nossa paixão não se desmente
Mas todo mundo que percebe
Sente inveja simplesmente

Óqui, óli, ólá
Como bolha de sabão

Eu pensei que nem havia
Dor assim insuportável
Quando vi que te perdia
Descobri que é bem provável

Lembro até com ironia
Do teu jeito tão amável
Ao dizer que me queria
Naquela noite interminável

Mas hoje eu fico de longe
E não quero dizer nada
Sei que

Sei que a vida é coisa passageira
Mas semeia os campos de ilusão
Nosso tempo vai virar poeira
Grãos de areia escapando
Pelas mãos

Quantas vezes veio a lua cheia
Ser parceira nesta solidão
Algum dia quer a gente
Queira ou não queira
Acontece outra paixão

<

Meu carnaval também é caipira
Tão caipira quanto eu e você
Seja sem terra, seja presidente
Seja tucano ou xiita do PT (pode crê)
Mas afinal quem não admira
Macunaíma e Saci Pererê
Há quanto tempo Jararaca e Ratinho
Já mostravam o caminho
Para a gente ser feliz

Quem não souber dançar
Pode se acomodar na varanda
Saiba que nesse baile
O chamamé comanda

Mas se você tentar
Pode se acostumar a mudança
E até se viciar
Com essa nossa dança

O negócio é chegar e reparar
Se alguém te aponta
Um convite recusado
É be

Eu venho marcando
De um jeito engraçado
Pessoas me dizem
Que sujeito aloprado
Porque eu venho te amando
Em circuito fechado

Eu venho enrolando
E chegando atrasado
Até o meu banho
Anda mais demorado
Porque eu venho te amando
Em circuito fechado

Mas que loucura, não conto nada
Rolou de tudo, no bailão da cachorrada
Maior mistura, encheu a praça
A turma toda deu o ar da sua graça
Sobrou cachorra, muita gatinha
Com aquele olhar de quem não quer
Ficar sozinha
Do mais grã-fino aos da pesada
Pintou cachorro de

Nossa viagem não é ligeira
Ninguém tem pressa de chegar
A nossa estrada é boiadeira
Não interessa onde vai dar
Onde a Comitiva Esperança
Chega já começa a festança
Através do Rio Negro,
Nhecolândia e Paiaguás
Vai descendo o Piquiri
O São Lourenço e o Paraguai<

Eu bem que avisei
Sai desse caminho
Desse jeito não aceito
Tem que ter carinho
Sei que sou suspeito
Mas eu adivinho
Vendo a gente diferente
Feito água e vinho

Às vezes pensei
Se foi egoísmo
Ameaça tão de graça
Falso moralismo
Vou tirar proveito

Estranhas coincidências
Insistem em revelar
Essa triste consciência
De termos tão pouco a salvar

Idade da inocência
Não há como retornar
Nem distâncias tão imensas
Pra se caminhar

Estranhas coincidências
Palavras soltas no ar
São sinais e advertências<

Não dá pra acreditar
Mas você não entende
Não vamos mais brigar
Que tal nos dar um tempo?
Pra tudo se acalmar
Quem sabe eu agüento
Não te telefonar
Nem no pior momento
Só quero te lembrar
Pra ser o teu tormento
Que eu vim te procurar
Faminto e sedento<

Ventos que movem moinhos
Deuses ocultos no ar
Qual dentre tantos caminhos
Devemos trilhar?

Nós que tentamos não ser
Como esse mundo pediu
Se mudamos foi sem nem saber
Por emoção tão sutil
Cada tempo em seu tempo de ser
Nos seduziu

Rios que descem sozin

Calma deixada no mundo
Sei que encontrei meu lugar
É lá que me entrego aos prazeres
Nos verdes momentos
De cantar
Casa caiada sem muro
Mato que invade o quintal
Saber o ser tão da cidade
É roçar a verdade
De viver
Tardes inteiras
Recortem mangueiras

São assim os desencantos
Demorada embriaguez
Esperei não sofrer tanto
Pareceu primeira vez

Suspeitei do nosso engano
Foi apenas timidez
Fez deixarmos pra bem longe
Outro dia, outro mês

Desencontros têm razões conhecidas
Ou então nenhum motivo sequer
Ar

Coração de quem nasceu no interior
Sente paixão igual, seja peão, seja doutor
Solidão ninguém viveu superior
E nem foi tão real, quanto esse chão
Quanto essa dor

A fazer nossa pior ferida
Penas da própria vida
Alvo de um caçador

Pra render a violência vã
F

A noite cai na fazenda
E a lua banha o telhado
As lamparinas acendem
Motor já foi desligado

Silêncio que engole a gente
Não demora a ser quebrado
Violas recompensando
Um dia bem trabalhado

Um verso que sai à toa
De boca sempre calada
Já lembra de uma p