Com calor ou frio
Na beira do rio
Não há como esse romance escapar
Pra quem está de bem
Tudo aqui convém
Não há como essa tristeza ficar

Sentado na areia
Cerveja e violão
Num toque tudo vira canção
A natureza me liberta
Esse rio é porta aberta
Pra ca

O sol ainda se punha
Quando a lua despontou
Dourando a areia da praia
Quando a maré baixou

Pra quem veio lá do meio
Do cerrado planaltino
Chegar na veira do mar

É voltar a ser menino
Pensamento quando voa
Leva a gente pra onde quer

Quero o abraço

Bom dia periferia!
Bom dia periferia!
Bom dia periferia!

Vejo um falso profeta
Convertendo um perdido
E ouço o choro calado
Da mãe do bandido

Vejo cachaça e charuto
Nas encruzilhadas
E adolescentes meninas
engravidadas

Tem cartomantes e velhos<

Arara da pena vermelha
Arara da pena vermelha
Vai chamar Kananxiuê
Que Berokan mandou
Avisa meu mano
Se ele for lá pra lagoa
Pra tomar cuidado
Com o balanço da canoa

Toco no baque-virado
Pra poder lembrar
com certeza muita gente
Nunca ouviu falar

Beleza não tem cor
Deusa negra meu amor
Mel carmim é teu sabor
Vinde a mim teu remador
Hum hum hum hum yê yê ô
Nos teus braços quero embalar
Deusa negra do ijexá
Obrigado por deixar
Em nossas águas oxum morar
Hum hum hum hum yê yê ô
Yê yê yê yê yê yê xorod

A vila se chamou Vila Boa
Do além-mar, de Lisboa
Cruz do Índio Goya
A vila, minha terra encantada
Não tem ouro nem prata
Tudo brilha por si
Vida, não conhece fronteiras
Mãe de outras bandeiras
Em nome de Deus

Vila, Vila Boa goiana
Minha mãe lusitana

Quando a flor do ipê dourado anunciar primavera
Meu coração galopeia na saudade que te espera
Quando Berokam baixar e a água ficar rasteira
Eu vou te amar nas areias deitado numa esteira
Tanri Rerimam Roimã
Estás com os olhos fechados porém não estais dormindo
Rerimã Rerê

A brisa mansa
Anunciando o anoitecer
Sopra no rosto
Como fosse um cafuné
E o vento assanha
A chama do candeeiro
Insinuando um movimento de mulher

A lua cheia
Prateando o trieiro
Clareia o trecho
De um tropeiro encantado
Que pede pouso
Pra seguir

Louca magia
Tem essa coisa de poder cantar
E voar bem mais além
Do que se possa pensar

Casar a dor e o riso
Se viver é preciso
Prá morrer de paixão
E achar um jeito secreto
De penetrar no concreto
E entrar no seu coração

E te levar
Voar comigo n

O Rei de Shamballa
MAnda te dizer
Que já não dá mais pra esperar
Quando ele fala
Faz emudecer
Animais e homens faz calar

Da profunda vala
Da raíz do ser
O Senhor te diz o que fazer:
"Faz a tua mala, ou muda o teu viver"
Pois não há lugar pra se esconder<

Ô mestre da obra
Ô mestre Sebastião
Dona Ana mandou chamar
Pra rezar terço
E dar concelhos
Na beira do fogão

Esse tempo já passou
Mais o que ficou pra trás
Foi semente que brotou
Lá de Minas pra Goiás
Com tijolo por tijolo
Para defender o pão
C

O amor só tem saudade do que não conquista
A dor é uma visita que não vai embora
O coração da vida tem alma de artista
Se perde o sentimento tudo o mais demora
E a gente fica dividindo o mundo no raso profundo de uma cicatriz
por isso eu quero uma mulher goiana que entre mil

O amor é sempre suspeito
Dos crimes do coração
Amor que mata, amor que maltrata
Que vive escondido em trincheiras

O amor é sempre culpado
Da solidão dos casais
Amor que falta de tudo que é lado
Mas dura a vida inteira

O amor que toma de assalto
O sentiment

Num dê papo pra quem lhe disser
Que a paz que o papa falou
Se cansou de dar bobeira

Que o papo deixou de ser popular
Que não dá pra mudar de uma vez
Quando a coisa está feia

Num dá papo não meu filho
Deixa a coisa ficar como está

Num dá papo não meu filho

Um índio me falou
Que o portador da Luz
Mora lá na Serra do Roncador
De vez em quando voa
Prá outro planeta
Feito borboleta, luz de toda cor

Sabe cabala, bendita fala
E o teu segredo está debaixo do seu nariz

Um índio me falou
Que o portador da Luz
Ain

E mesmo que você me dissesse
Palavras de não voltar nunca mais
E mesmo que eu bem quisesse
Pouco adianta ter certeza

Pouco adianta, esse amor foi

E mesmo que eu não inventasse
Uma cidade confusa de nós
E mesmo que você voltasse
Plena de paz e de sossego

Será que quando o dia clarear
goiana
A gente ainda vai tá com esse calor
Ou será que só vai ser fogo de palha
Queima logo e não se espalha
O que era fogo se apagou?
Ou será que só vai ser fogo de palha
Queima logo e não se espalha
O que era fogo se apagou!...

<

Nas quebradas da cidade
Gente menor de idade
Num presente sem futuro
Vira mula-sem-cabeça
No cabresto da mão-besta
Traficando seus bagulhos

Lá, quem vive esse dilema
Vira, parte do sistema
Tudo vê, e não faz nada
São reféns pagando a pena
Quando a alma

Daqui de onde eu estou
Posso ver o mundo inteiro
Com antena parabólica
No barracão
Que já aguentou tanto janeiro
É muita reza no terreiro
Pro moço parar de pé
Se me derem o que beber
Eu bebo
Se me derem o que comer
Eu como
Não sou dono do mundo

Vambora andar,
Por essa estrada que tem volta
Por outra estrada
Que seja do bem querer
O coração é limpo
Mas tem linhas tortas
Tem muitas curvas
Pra mudar o jeito de ver

Te vejo diferente
Toda vez que te desejo
De sangue quente
Mais ardente é o beijo