Sem apelos
Sem desculpas
Agora escrevo por não tê-la atrás da porta
E a minha volta a sala é fria
Todo dia

Agora
Embora eu diga: Sim, tá tudo bem!
Também sou eu quem faço e disfarço a bobagem, meu bem
Lançando o espelho ao chão

Sem reflexo, sem moldura

Já não tenho os mesmo olhos
Quem dirá o coração!
Não anseio mais teus beijos
E tampouco teu colchão

Mas, foi de gelar o peito
(De suar as mãos, de suar as mãos)
Foi de tremular a fala
(De suar as mãos, de suar as mãos)
Foi de baixar a visão
(Ou não, ou não)<

E há quem venha dizer que sou vagabundo
Sim, sou senhor do meu rumo
Assumo meu viver

Ando sim noite afora
Durmo em praça a qualquer hora
Levanto e trago meu varal

Ando e bebo enquanto esbarro
Corro, seco meu cigarro
Que molhou no temporal

Sou poeta margi

Estou aqui
No mesmo quarto
De onde sempre te vi partir

Ficou seu cheiro no travesseiro
Senti na hora em que fui dormir
Como cheguei aqui?

Só de lembranças fui construindo
Um novo castelo que vai ruir
Vem sem receios, desfaz o peso
Faz tua mala e passa aqui