O menino quando a corda
Que segura a noite solta
Abre os olhos com preguiça
Bota a roupa de viver

O menino sai à rua
E vê Ana que rebola
Não demora vão subir
Seus calores de guri

Mas é cedo, corre março
Traz no vento um embaraço
Pro menino que, coitado

Quem é de paz não nega
Traz o azul de uma tarde de domingo
Pra que cara feia?
Pra que carranca?
Leva na boa-fé, desce a ladeira e vai
Leva pra benzê no mar
Leva pra benzê no mar

Abre a porta e entra
Que a estrada acolhe
É mãe dos pés que já estão
Cheios demais do mesmo chão

Solta a mão do tempo
De ti desamarra
Enxuga, muda o lamento
Faz do teu relógio vento

Amarra na bagagem pouca
Os sonhos que é pra não parar
A escala não se

De tanto ver meus olhos vão cegar
De tanto escurecer a noite já vai clarear
Palavra de tanto engolir a voz vai embargar
De tanta fé as mãos até vão calejar

De tanto em tanto eu vou continuar
Por teimosia, pra pirracear
A roupa de tanto vestir na pele vai grudar
O ri

Da sacada da casa
A sacana abana
A aba do chapéu panamá

Lá da outra taberna
Quem toma cerveja não pode ver
A formosura da perna
Daquela morena que lê o "DC"

Quando lhe cai o intento
De se levantar frouxa de calor
Ela faz um movimento
Me agita por dentr

Nesse céu que ora além que ora aquém que mar até o que é que tem?
Nesse chão a gente busca, esbarra numa cisma e custa e pega um trem
Aposentados vão, inventam o lugar
Embriagados pelo tempo, pensam que estão lá

Os moços mais à frente levam quente o peito e bebem pra valer

Eu já percorri a casa
Toda suja de glacê
Me afoguei em gota rasa
Doce, doce de morrer
Esticada no carpet

Sou linha no assoalho
Que hoje gruda no teu pé
Meu diário itinerário
Doce, doce do café
Que deixaram na colher

Faço a festa na mesa
Saio à fran

E vem saudade
Nos assaltar
Na qualidade
Particular

Vem decidida
Armada qual
Fosse bandida
Com seu punhal
Pra não perder

Mas que coragem
Quem não correr
Mesmo a blindagem
De corações
Não vai conter

Tanto cuidado
No calcanhar
Tr

Quem devia estar de nós a navegar num barco no Atlântico Sul
Com a bela namorada a descansar e a observar o lindo mar nu?
Quem devia estar de nós a abençoar a feira dos mendigos mórbidos?
Dentro de um buraco negro há ordem e progresso escrito em branco sobre azul

Éramos meninos

A moça da correspondência
O moço da agência
O velho do algodão

As sombras de cada edifício
Os santos do hospício
Também à praça vão

Mas vou dobrar à esquerda que dá
De vista pro mar
Cansei de escutar
O blá blá blá blá, blá blá blá ...

Meninos verdes