Não fui tão sincero assim sobre quem eu sou, mas não podia ser
E tudo o que tiraram de mim, o pouco que sobrou eu vou reaver
Não pude ser tão claro, tive que fugir sem dar explicação
Eles achavam que eu tava fodido, mas hoje comem na minha mão

Desci na luz, rolei na lama
Pe

Sou como um sonho adolescente
Uma palavra latente no bico do cantador
De guitarra estridente
Sou o filho mais recente
Dessa terra de calor

Vim garimpar poesia, colher do fruto que ardia no fole de Gonzagão
Sou João e sou Maria, sou alegria tardia no peito desse sertão</

Eu prometi pra mim não te ligar
Também falei em parar de fumar
Entenda, nem eu me levo a sério

Eu nunca soube te dizer
Quantas vezes eu voltei atrás
Pensei em te falar de nós
Mas os nossos nós ninguém desfaz

Cuida, mostra o teu rosto na janela
Não vou embora a

Estrela cão
Luz que chega de manhã
Que invade o meu coração
Estrela cão
Estrela cão
Tem os olhos do dragão
Que voa na constelação

Estrela cão
Todos os astros pararam no céu pra te ver
Todas as luzes que existem, existem em você
Estrela cão
No olho do

Eu que te vejo tão inquieta a brincar de noite
Nem sempre tão precisa quanto um blues
La fora a chuva chama a calmaria
E no encontro, nossos lábios nus

Eu tive um sonho, não sei se conto
Ainda quero te viver
Era tão fresco e ainda ontem
Eu me acertava em você

Sou filho do mar, da renascença esquecida
Da barra do Ceará, sou cria dessa vila
Sou filho de pescador e de uma mãe por profissão
Pego onda, vendo peixe sim, senhor
O mar é minha religião
Sou homem de muita fé
No batuque fiz meu nome
Só tenho que agradecer, senhor

Queria ver o sol, o céu, o asfalto da janela
As coisas que ficam tão belas depois de amanhecer
Queria pôr nos pés um par de botas velhas
E aprender com elas o gosto de envelhecer

Serei motivo de chacota por viver
Num mundo onde as pessoas amam

Onde os podres só reclam

Mais do que certo, ponho essa lente
Que nunca faz enxergar
Nado no asfalto contra a corrente
Cores que eu nunca vou ver
Marco nos dias em tons de cinza, a melodia solar
Meu carnaval desbota e morre como uma flor sem brotar

Não se pode ver a guerra do alto de um prédio

Não, a morte nunca é em vão
Quando se tem uma outra vida em suas mãos
Entre mortos e feridos, sou um cego na escuridão
Como flechas invisíveis apontando em minha direção

Nada na cabeça, nada no espelho
Calças dobradas, lama no joelho
Somos ofuscados, pela falta de opçã

Vim jogar o jogo no miolo do oco da selva de pedra e tormenta
Permeando entre as luzes caóticas
Cuspindo fogo pelas venta

Ar em sólido estado
Cimento assentado em florestas cinzentas
Se eu não morrer, será que eu viro rei?
Se eu não morrer

Vim quebrar a cuca
V

Lá na minha quebrada, no tempo das pipas
Quase não chovia, mas ventava bem
O subir da serra era lama e pedra
Mas olhar de cima era bom também

Menino banhando na queda d'água
Brinca até de madrugada ou quanto tempo for
Se descobre pela natureza
Que onde mora a pureza

Sou o silêncio que habita onde os valentes hesitam
Eu sou a carne ardida e moída, sofrida
Das peles rasgadas dilaceradas que vagam
Sou um intervalo de luz, no breu do vazio
Sempre fui dor, assim que sempre me vi
Sempre encaixei tantos sonhos na minha poesia
E agora todos

Não fale mais, não me dê corda
Não ignore as minhas chamadas
Tá tudo escuro, feio e desnudo
Eu me enforco nas suas palavras
Cansei de rastejar por um pouco de razão
A lua tem a mesma cor vista da televisão
Não fixe essa ideia equivocada
Não apareça de madrugada
To

Como posso correr
Desse medo quase sem razão
Uma parte sua ficou
Embrulhando o meu coração
Espero o tempo me trazer
Pra dentro do eu que está em você
Sairia do inverno e o mundo inteiro
Até o outono em Fevereiro

Falar
Como faço parar de atormentar
Falar<

Corroi meus versos em papel pra caber em qualquer boca que não fosse a tua
Me recuso a perceber que o mundo já girou e eu não paro de tentar impressionar
Vencido pelo medo, eu me rendo e o medo acaba, quero parecer na luz desses cristais negros de jabuticaba

E foi só o começo, do q

Se eu sumir de novo e não voltar pro mundo, não me espere pro jantar
Se eu dormir mais tarde e perder a hora, não espere eu acordar
Tão sucinto quanto um vício
Tão fadado ao precipício
E tão cego quanto a luz

Se eu ligar assim sem jeito, a procura do teu peito, por favor me