Não há música
Não há arte
Que traduza meu pranto

Não há tiros
Não há covardes
Que executem meu canto

Não há justiça que nos caiba inteiro
Num 15 de março
Há braço, em riste insiste

Não há milícias
Não há polícias
Que sequem teu rio

Não há r

É quando um talvez
Seja tarde
Pra molhar os dreads
Pra banhar o tédio

Por mais uma vez
A poeira fica
O tempo complica
Já é meia-noite - apague a luz -

Perdoe talvez
Enganei o bobo na casca do ovo
Traidor traído é só

Por mais uma vez
Acordei a

Eu sou a folha que desprendeu da Baobá
Cruzando oceano sou sopro do cachimbo da vovó
Sentada na calçada sem contar o tempo, é Orixá
Pois sabe ela quem governa seu bumbar
A leveza de quem se expande por inteiro
Porque nunca se apartou da natureza

Um corpo só
Livre, t

Na toada à capela
Eu guio a minha voz
Desafino por capricho
Nos lampejos da emoção

Sem ter hora
Sem ter pressa
Pra deixar essa canção

Veraneio longas notas
Musicando a procissão

Dissecaste o meu corpo pela boca
Onde salta o coração

Dissipou das

Enquanto você dorme
Eles planejam um novo golpe, golpe
Dão armas aos fascistas
Eles são falsos moralistas, golpistas

Enquanto você ri
Eles dão curso ao retrocesso, golpe
Conspiram ministérios
Eles sustentam privilégios, golpistas

Transformam o oprimido em opre

É sempre um ritual antropológico
E pouco lógico
Quando eu caço com você

Na selva o lobo lambe o cordeiro
Prepara o circo
Aquece o mito

Vai, incendeia!

O caçador caça a presa
A presa caça o caçador
É como no amor do outro e o mesmo

Vai, incendeia!</

Lamento
Não temo a palavra adeus
Não vou chorar por muito tempo
Nessa falácia eu me rebento

Lamento
Nem todos os versos são só teus
Não vou cobrar teu sentimento
Livrai-me agora da degola de ser teu

Lamento
Caiu no sofrimento
E foi morar
Na casa da

Meu bem tem o mal com gosto de câncer
Tem o signo incompreendido
Xinga de quatro em avalanche
Berra em despacho pra amor distante
Conforme o instante

Não tem fim
Não tem meio
Não tem fim

Faz jus
Bem pelo bem
E o mal pelo mal

Meu bem me quer mal m

Somos aquilo que não somos
Queremos aquilo que não temos
Mera equação do sonho
Mera solução de Bhaskara

Estamos aqui por falso acaso
Estamos sedentos por entendimento
Mera convenção do tempo
Mera opinião do amor

Somos aquilo que não somos
Queremos aquilo q

Conheci sua ausência
Num feriado de abril
Entendi sua ausência em segundos
E montei meu perdão

Reparei da sacada
Seu adeus tão gentil
E escolhi a vontade
Só do meu coração

Abre a porta, neguinho
Que em frente a porta, neguinho
Me jogarei nos seus braço

Uma foto, uma foto
Estampada numa grande avenida
Uma foto, uma foto
Publicada no jornal pela manhã
Uma foto, uma foto
Na denúncia de perigo na televisão

A placa de censura no meu rosto diz:
Não recomendado à sociedade
A tarja de conforto no meu corpo diz:
Nã

Não nasci pra te servir, nem te ouvir
Eu sou canto de Zumbi, resistir
A desumanização desde a colonização
É que faz tua condição no meu chão

Hoje sei do meu valor, negro amor
Me levanto junto a voz dos irmãos
Pra fazer reparação
Deve haver na nossa mão
A riqueza

Recomeçar
A certeza pode esperar
Silenciar
A vontade cansa pra escutar

Reconhecer
O limite é tempo de criar
Redescobrir
Liberdade é vento pra voar

Brincar de ceder
Regar o caos
Transar o bem
Educar o ciúme

Nossa sorte está na vida
Nossa v

Encarnou um messias num terno de advogado
Engraxou os sapatos na rua pagando a criança
Fechou a janela do carro ao dobrar a esquina
Rejeitou no sinal o palhaço sorrindo a infância

Candidato à democracia
Berço na hegemonia
Discursou sua demagogia
Bem vindo ao Brasil<

Compor um novo
De novo me encontrei a repeti
Pra quê é novo
A volta desse encontro tempo diz

Respira
Vontade de ficar por nada
Por toda a caminhada
Acalma, te acalma
Um verso teu, num verso meu, amigo

Delira
O que retorna é o que te fez
Escamba o s

Nessa casa de vidros ancestrais
Mora um sábio escondido dos bossais
Não viveu a paz dos seus cristais

Nessa bolha de curas ideais
Pensa o mundo feito um Deus Ocidental
Não existe o eu, fora dos nós
Não seremos mais sem sermos

Roteirista
Não complica
Capricha o céu pra nós
Escreve um bom final pra nós

Roteirista
É primavera
Edite a solidão
Com um belo flerte no refrão

Ei você
Que brilha na escuridão
Perdido na confusão
Baila comigo essa canção

Vem cá
Me dê a mã

Se um dia eu quiser morrer
Nada terá a ver
Com a chuva da manhã
Com a chuva da manhã

Descarte a profusão do trânsito
A impaciência da fila do banco
A incoerência dessas horas

Ausência das contas não pagas
Ausência dos vencimentos
Ausência da miséria
Au

A manhã que acorda nunca é
A que vai dormir
A manhã que acorda nunca é
A que vai dormir

Seja a morte nascer do dia
Morre-se a cada dia

Sabedoria é desaprender
O que se finge saber
Sabedoria é desaprender

Por pouco eu quebrei a vidraça, a janela
Por p

Ah! Você quase me venceu
No tabuleiro de xadrez
Eu joguei mal eu joguei mal
Me entorpeci no seu olhar
Me corrompi no seu ideal
Eu julguei mal eu julguei mal

Ah! Você quase me comeu me converteu
E eu fiquei em silêncio por dentro
Ah! Você quase me comeu me conver