Alto do morro, belo lugar
Fogo cruzado, vista pro mar
Fio, gambiarra, velho do manguzá
tranquem suas moças dentro das casas
não olhe pra fora, irmã / o maconheiro da água vai passar

Alto do morro, alto demais
A cara do povo, povo demais
Só que lá no morro 'inda tem

Ai que encanto de menina
Que menina não sonhou
Ganhar buquê de rosas
Comer maçã do amor
Ter cheiro de Étel sábado
Para o poeta moço danar-se a cantor

Ai que doce, que delírio
Que martírio que é o prazer
O que faz feliz de noite
De manhã fará sofrer
Com a

Salve, Ogum,
Que cansei a Calunga
E a festa já tá terminando
Pra Olorum,
Muita alfaia virando
E a rainha danando a rodar

Bate um tum,
Que meu povo requebra, requebra,
Tão comemorando
Com Pitu,
Foram descendo do morro
E baixaram cá no meu quintal

<

Dia de pelada,
De pileque, de família,
Dia das delícias,
Das carícias das amigas,
Dia arredio de consolo que vicia,
Dia de descanso ,
E não canso de lembrar
Que vem outro dia
E eu só quero...
Dia de batuque,
De mulher cedo na igreja,
Dia de lasanha,

Edvaldo, o folião da bicicleta
Andando pelas ruas do Recife a relembrar
Clube das Pás Douradas e Vassouras
La Ursa de Mariano e Zé Antunes a falar
Que quando o sol raia na derradeira 4a feira
O folião chora o que não brincou
"Meu filho, o tempo não é brincadeira,
Ele

"O rio Capibaribe
Num tá capibaribado
Quem discapibaribou
O Rio Capibaribe?"

Onte de manhã
Fui escovar os dente no quintal
O rio subiu, veio me dar tchau

Quede o caranguejo?
Onde o caranguejo tá?
Onde tá o caranguejo?
Quede o caranguejo?

Mãinha c

Hoje é festa no morro
Senhora da Conceição,
Desse povo sofrido
Atendei os pedidos
Os anseios e a oração

Hoje é festa no morro
E o povo vem pra pagar
A promessa que esfola
E, depois, ir-se embora
Com a enxaguada alma a quarar

Hoje tem festa santa
E

Catarina, filha de Manoel da Ilha
Tinha um boi dançador
Pro boizinho que dançava
Catarina dava todo o seu amor
Brilho e blush, laços e fitas de cor
Catarina e seu boizinho dançador
Bailando no quintal

Certo dia, Catarina, coitada
A menininha, sentiu foi dor

Viagem à deriva
Toda a galera com a muamba escondida

Não foi dessa vez que passou batido,
meu irmão
A receita chegou, levou tudo,
a maior confusão

Mas a galera não desiste não
Trabalha, trabalha, e se pergunta
quem é o ladrão

Tire a sua própria conclu

Meu bombardino deixa eu soprar
Eu sou menino, não vou parar
Não vou largar meu bombardino
Nem que badalem todos os sinos
Nem que entoem todos os hinos
Não hão de abafar meu bombardino

Quando cai a tarde
Ou cai a noite e vem o sol
Eu fico afoito
Pra fazer tod

Falei que chorei
Que tentei de tudo
O que bate por dentro da gente
E alopra tão bem, de repente
Que nem aguardente
Que chapa qualquer são cristão
Então bate no meio do fundo do peito
Sem tento nem jeito
De ser sentimento cabreiro ou respeito
Um hálito matinal

Cantador fabril de cor
Insiste em Lá Maior
Nas rimas pr'um futuro
Matas verdes, arrebóis
Coqueiros, manguezais
Pureza de criança
Dança em roda de paixão
O verso da canção
Manhuço de um afeto
Perto, o ocaso de uma voz
Cultiva os seus bemóis
Nas roças de

A moça que passou
Com a pressa em seus pedais
Tinha pose de atleta
Selim e bicicleta
Me olhou com meios olhos
De quem quer flertar
Parou na calçada
Me amou na madrugada
Entre avenida e jardins
Sonhou uma valsa
Inventou de dançar
Bebeu o orvalho
Ina