O barco que a alma penou
O mar se desfez
Virou sobra com a dobra da maré

Deixa eu ver o corpo fluir
Deixa eu ser parte de mim

Até que o vento passou
Levou mastro e vela num sopro só
Será que nadando pra superfície
Eu encontro o céu?

E quando o tempo paro

Sobre o chão que habita
O medo e a escuridão
Há milhões de caminhos
Que eu não sei pra onde vão
Pra onde vão
Vou seguindo por qualquer lugar que me faz bem
Pois eu já sei que assim será o fim
Assim será o fim
Assim será o fim
Assim será

E onde houver um

Quem sabe o composto
Daquilo que cai
Deste copo ao chão

Quem age com tal habilidade
De se arremessar
Da palma da mão?

Pois são poucos os laços
Que amarram os trapos
Do hematoma que há em mim

Só deixa eu ver no que dá
E deixa eu ser um tolo a me cegar

Eu já tentei refazer o dique que se rompeu
Quando o fluxo mudou e te levou daqui
O som que alertaria do inverno não se pode ouvir
E cada tronco representava uma escolha que eu não fiz
Ao me esconder

Não se diz adeus a quem ainda se quer ver

Quem vai dizer que não se a

Enquanto eu não conseguir reagir
Á fumaça e ao caminhão
Vou buscar a sorte debaixo
De um velho jambeiro
Sombra pro meu cabelo

Enquanto eu não conseguir resistir
Aos estragos de tantos carnavais
Vou buscar sinais do que há de vir

Diz o visionário: "corra pra se

Outros meros visionários a viver pra adivinhar
Se o que foi para assim ser, mas para assim ser não dá
Que pra dizer do que não vi: "é viver de sonhar"
E assim será uma lacuna a se completar

Algum lugar que eu queira estar antes do sol se apagar
Num horizonte que eu não vi,

Um ponto no horizonte
Mostra aonde devo ir
Descalço em pedras
Com passos leves

Tento avistar
A visão de ser
O porquê do poder
Seu modo de estar
O corpo a seguir, a seguir...

Sem medo de ser, sem medo...

De redescobrir
E assim mudar
O lugar de

Disse propor uma escada maior
Para alcançar a morada do tempo
Disse expor seu plano melhor
Sem contradizer o intento

Sabe se a verdade é para um?
Não entende seus próprios medos
Tão pouco revelar o segredo que constrói a graça humana

Relativo como sou
Reativo

Não faço o que der
Na telha de barro
Eu sei que pode complicar
Sou de escolher o prato que cabe a mim

Mas se o tempo for determinar as escolhas
O vento traz a paz pra crer
Que qualquer uma pode ser pra mim

Eu não sei esperar

Onde você foi
Que eu não sei