Seu rosto se avermelhou
Com a carícia mais ousada
E ela que pensava em tudo
Naquele momento
Não pensou em nada

Jogou nas avenidas do passado
As normas e os preconceitos
O seu futuro programado
E fez o que pediu o peito

Amou e viajou nas asas da poesia

Faz meia hora que acordei meio assustado
Tive um sonho mal assombrado que não quero nem lembrar
Eu passeava na cidade do futuro
E por Deus me desconjuro do que vou lhe perguntar

Eu passeava na cidade do futuro
E por Deus me desconjuro do que vou lhe perguntar

Como ser

Já não sou
A primeira pessoa
Da sua vida
Me tornei

Objeto direto
Dos seus caprichos
Pra você
Sou sempre sujeito

Sem predicados
Meu amor
É composto somente
De sofrimentos

Entre nós
O verbo acabou
Isto é tão triste
O seu corpo

Eu queria ser poeta
Pra falar pro meu amor palavras bonitas
Eu queria ser a chuva
Pra molhar os campos secos e dar-lhes a vida
Eu queria ter coragem
Pra dizer tudo que tenho
Guardado no peito
E gritar aos quatro ventos
Tudo o que está errado
Exigir meus direit

Joelhos no chão
Os olhos no céu
A reza é o silêncio
A tristeza é o véu

O nó na garganta
O rosto molhado
A saudade é tanta
Que não da pra viver

Debaixo do braço
Um maço de flores perfumadas
Debaixo do braço
Um maço de flores perfumadas

Debaixo

De tanta mentira estou cansado
Tantas guerras, mortes
Tô saturado
Todo fim de mês o mesmo tormento
Ficar na janela eu não aguento

A plateia grita de medo e ódio
Pode ser também de alegria
Ao som de batuques, pra nada ligam

Se a barriga dói sorriem e não brigam

Anda com muito cuidado
Talvez a terra que vais esmagar
Tenha sido um sonho terno e belo
De um adolescente
Tenha sido um sonho terno e belo
De um adolescente

Pisa muito de leve a relva macia
Quem sabe se ela um dia
Já rimou com as cinzas de rostos
Que eram be

Você julga, você condena
Aplica a pena, pena
Apenas pra fazer a purificação
Dos erros gerais
Causados por amores
Ou conflitos sociais

Caso fosse réu e não jurar
Queria ver sua coragem assistir
O jogo lento e disfarçado dos atores
Agradecer e ainda por cima a

Chamam morada
Uma casa de pano
Chamam de prato
Uma casca de coco
O cobertor é o próprio corpo
E o altar lugar profano

O cobertor é o próprio corpo
E o altar lugar profano

É um pesadelo real
É um pesadelo real

Por todos os lados
Pseudos gigantes

Eu quero ir pros campos
No encanto da vida
Eu quero viver
Eu quero ser sua
Correr toda nua
Nos seus braços firmes
Eu vou me envolver

Eu quero seu corpo suado
Pelos movimentos ritmados
Eu quero sentir no meu rosto
O tapa suave do vento
O beijo molhado

Ah! Esse silêncio das pessoas
A reparar meus trajes pobres
Em cada cabeça uma sentença
A maquinar ideias mórbidas

O homem de gravata italiana
Chegou depois de mim, já foi chamado
E a moça loira do decote ousado
Não sai mais de lá

Me ponho a folhear uma revista

Quando o mar se quebra no temporal
(Quando o mar se quebra no temporal)
A noite veste o céu de azul
Pescador precisa colher o sal
(Pescador precisa colher o sal)
Amanhã é dia nascendo o Sol
Pedra porto
Portador de tristeza
Lança a rede pesca amor

Quando o ma