Canto Sol e ar
Eu canto pra caminhar
Flor de sobreviver
Fazer correnteza
Recomeçar e partir
Virar poesia
Dentro do dia

Canto Sol e ar
Eu canto pra caminhar
Flor de sobreviver
Fazer correnteza
Recomeçar e partir
Virar poesia
Dentro do dia

<

Guarde um peixe do norte pra mim
Um vestido de renda, menina
E um sentimento de mar
O barco, o mar e o meu surubim
A minha oferenda
Pra quando o vento acalmar
Guarde esta prenda, menina
E a sorte de navegar

A cidade passeia
Tem rastro de amor na areia
A

No porto de vila velha
Vi anabela chegar
Olho de chama de vela
Cabelo de velejar
Pele de fruta cabocla
Com a boca de cambucá
Seios de agulha de bússola
Na trilha do meu olhar

Fui ancorando nela
Naquela ponta de mar

No pano do meu veleiro
Veio anabe

Eu vou, eu vou remando contra a maré
Eu vou, eu vou remando contra a maré
Vou seguindo o meu caminho
Navegando vou sozinha
Chorei quando a noite mostrou as estrelas
Era tanta beleza que eu fiz essa seresta
Com a voz que me resta
Com a luz do caminho
Com força e es

Uns dias vermelhos, outros azuis
Pimenta de cheiro
Anis-estrelado
Meus versos no espelho
Versos contraluz
Um dia brilhante
Um dia de cego
Vem morar comigo
Entre o chão e o vazio
Vem morar comigo
Entre a luz e o prazer
Quero sua mão
Quero sua compan

Vou lhe dar um anel de pedra preta
E olhar pra sempre seu dedo
Claro, claro, claro
Lindo

Amarrar uma pulseira de prata
E deixar solta em seu pulso
Solta, clara, prata
Bela

Três colares de contas coloridas
Entre coração e colo
Contas redondas soltas

Minha casa é madeira
Tronco, galho e raiz
Minha casa é cordilheira
Fiz pra gente ser feliz
Luz que vaza da janela
No quintal tem flor de anis
Rosa branca e amarela
Manacá e jabutis
Arvoredo, arvoredo
Fronde, folha e chafariz
Arvoredo, arvoredo
O país q

Construí um emaranhado
De sílabas musicadas
Visitei países inexistentes
Morri de paixão
Menti sobre as belezas da vida
Recomecei por causa de um ramo de acácia

E vou morrer de cantar
Vou morrer de cantar
Morrer de cantar
Morrer de cantar

Escolhi um pun

O azul esconde
Ele foge do olho
Dissolve no olhar
O azul escapa

Ele tapa meu olho
E some no altar
É a cor que mente
É a dor que sente

Colorido ausente
Presente no céu
Não se pode mirar
Por muito tempo

Ele some no mar
É sopro
É vento

Vai azulão, azulão
Companheiro, vai
Vai ver minha ingrata

Diz que sem ela
O sertão não é mais sertão

Ai, voa azulão
Vai contar companheiro, vai

Eu vesti minha saia rendada
E dancei lá no meio do capim
Capim verde, capim dourado
Saia de seda, fio de cetim
Tinha sanfona, tinha viola
Crochê, ponto-cruz e bordado
Capim verde, capim dourado
Tricô, coroa e valseado
Teia de aranha, bicho da seda
Cocar e cola

Na beira da folha eu vou
Na pena da ave eu sou
Canto de vento menino
Na beira da folha eu vou
Sou filho da ventania
O rio que não secou
Mora na minha poesia
Clara flor que eu te dou

Chora viola
Na hora azul do dia
Voa viola
Brilha no Sol do meio dia<

Teu verso é de bem querer
Caminho de malmequer
O Sol da minha cidade
O escuro da minha aldeia
Teu verso nunca vai ver
A flor que ele quer ser
A rosa de meia-idade
O amor correndo na veia

Mande um galho de alecrim pra mim
Mande um cravo roxo e um jasmim

Asa de seda vazada de azul
Banhada de vento, cortada de Sol
Asa de nada, morada do céu
Cinza de Lua caída no véu
Do dia

Chamarei o seu nome mil vezes
Criatura de pólen, riscada de flores
Transparentes
Sua casa é a minha casa
Figura de estrela
Caminho ond

Lera chorou, Lera chorou
Eu te disse Lera
Vão te tomar teu amor
Lera chorou, Lera chorou
Eu te disse Lera
Vão te tomar teu amor

Boa noite minha gente
Foi agora que eu cheguei
Fui chegando e fui cantando
Se é do teu gosto eu não sei

Lera chorou, Lera ch

Ó, mana, deixa eu ir
Ó, mana, eu vou só
Ó, mana, deixa eu ir
Para o sertão do Caicó

Eu vou cantando com aliança no dedo
Eu aqui só tenho medo
Do mestre Zé Mariano
Mariazinha botou flores na janela
Pensando em vestido branco
Véu e flores na capela

Avistei grande búfalo do oriente
Travessei o mar, travessei o mar
Eu quebrei o cadeado da corrente
Morte não vai me matar

Da beira de um rio partiu meu navio
Pra fazer seu caminho de volta
Rio, rio, rio e depois o mar
Morte não vai me matar

Travessei o mar, tr

Meu amor verdejou o mundo
Flor aparecida entre as algas e as folhas
Nascida da fronde do bosque
Cobriu o tronco de verde
Refletiu a mata em seu chapéu de princesa
E apenas por um segundo
Saiu de dentro do verde e olhou pra mim
Com seus olhos castanhos

Na cidade mais bonita
Cantarei nossa paixão
Flor rendada infinita
Desenhada em minha mão
Trago na minha voz horizontes largos e o sertão
Seu nome, seu olhar
No meio do coração
Olhe a renda da noite
Olhe os saltos do dia
Este canto é a sorte
É seu norte, é

Ah, canoa de um galho só
Passa o rio, passa a vida
Madeira que não tem nó
Atravessa a lagoinha
E o mundo num dia só
Eu e a minha canoinha
Madeira de um ramo só
Pra viagem que é só minha
Adeus mata do cipó
Tá escrito em minha mão
Canoeiro caiapó

Vou s