Sem paciência pra bater retrato
15 segundos de dramaturgia
Em cada cena curta de Instagram

E eu andando sempre um pouco aflito
Pelas estradas da linha do tempo
No celular a vida é tão vazia
Uma mensagem, uma curtida!

A vida passa e eu não me articulo
O dedo dó

Isso não pode ser
E com razão
Estamos no mundo
Lançados a sorte

Sem amor
Sem perdão
Sem educação
Achando graça de sorrisos

Posso até tentar
Mas não há lógica
E nenhuma explicação
Para procurar
No que eu preciso
Um sentido, uma razão

N

Quase sempre a madrugada
Ao passar olhos por mim
Me encontra acordado
A espera do teu fim
Só quem inteiro se entrega
Sabe o quanto é frustração
No amanhecer do dia
Esconder o sol com a mão

Mas na hora que a vida
Acontece em seu vapor
É que me sobra vonta

Nem os signos dos Zodíacos
Ascendentes
Sol e Lua, Vênus
Astrológicos

Nos diriam soluções
Pros caminhos
Previsíveis crises
Rumos, ritos místicos

Desvio de rota é tão normal
Falha previsão habitual
O desejo em vacilo é o caos
Sabotagem do amor, sofre

Cada qual no seu lugar
Aguardando acontecer
Dando três passos pra trás
Almejando dois pra frente
Quando muito alcançar
Uns e outros retardatários
Ando em mesma direção
Labutando sob o sol
Na esperança da chegada
Onde poucos chegarão
Sorte nesse jogo
É

Olé, quem dá mais
Leva o jogo pra prorrogação
Mãos ao alto!
E a vantagem foi revertida
Com um gol que o gandula fez
Com as duas mãos

Olé, são onze contra um ou dois
Só que os onze chegarão depois
Do tempo regulamentar

Olé, quem dá mais
Levanta a taça

Às 7:00 do meu sono despertei
Com 011 que não para de ligar
Não tem trabalho
Não tenho pra onde ir
E em minha cama vou rolando lá e cá

Às 10 levanto com vontade de comer
Um banho frio pra fome eu espantar
E se eu quisesse um banho quente? Ah, fodeu!
Então fodeu,

Essa boca torta
Esse dente sujo
Essa barba por fazer

Esse pêlo branco
Esse olho vesgo
Essa testa no cabelo

Peito cabeludo
Gogó saliente
E as orelhas de abano

Caminhando lentamente pela rua
No seu passo desumano

Essa perna curva
Essa mão que

Você entrou em mim
Feito vírus
Feito veneno
Não pude reagir
Cinco mil sintomas apareceram

Tive dor
Tive febre
Enjôo
Pesadelo
Tive insônia
Calafrio
Dor de dente
Cotovelo

Você entrou em mim
Feito parasita candiru
Roeu minhas vísceras<

Foi na fonte da tristeza
Que deixei ela esperando
Rezando uma novena
Endereçada a santo Antônio
Hoje bate uma saudade
Enorme arrependimento
Que carrego aqui no peito
Uma pedra de cimento

Maria entrou na roda
Mesmo assim ficou sozinha
Esperando seu parcei

Sonhando com os lençóis do Maranhão
Até os do seu colchão
De vagar na deriva
Encontrar no horizonte
Sair desse lugar

Pelas curvas lentas
Nas velocidades tantas
Sentir os relevos
Dessa nova dança

Vamos pra Angola
Caçar vaga-lume
E colher o lume

Já é quase manhã
Já é mais que noite
Quase nascer do sol
Quase fim de lua

E o mar quase azul
Luzes quase no fim
Quase silêncio
Quase som

Quase tudo real
Quase fantasia
O roçar nu na cama
Quase pés pela rua

Quase onda na praia
Quase vento

Você só tem dinheiro
Não vale um tostão
Pensa que o mundo inteiro
Só lhe dá atenção pelo dinheiro?
Você tem razão!

Não carece de nada
Quer sempre se exibir
Faz pose de rogada
Mas no final é ela quem vai decidir
Quem sai vivo, quem sai morto daqui!

Não

Aqui não há sereia
Aqui não é beira de mar
Perto da areia da praia
Aonde a onda quebra
Se escuta ela cantar

Em noite de lua cheia
O bom é naufragar
Deixar se levar pelo encanto
De um doce suave canto
Até as águas profundas

Não há nada demais
Querer

A bolsa subiu
Uma noticia lá em Nova York
Aqueceu a economia no Brasil
E a bolsa subiu
Uma alta de tantos por cento
Veio e anunciou um novo tempo
Graças à Nova York

A bolsa subiu
Aumentou a minha euforia
Despertou antigas alegrias
Porque a bolsa subiu

Você me diz que estou errado
Mas o errado é você
Que fiscaliza minha vida
O meu cigarro, minha bebida
Minha bunda, meu foder

E nada disso lhe interessa
Não tô ligado em você
Olhe bem só a sua vida
Eu tô feliz, não quero intrigas
Me deixa fora dessa lama!

Vem cá que eu quero teu colo
Brindar nosso novo encontro
Tirar todo peso do mundo
Sou teu, se me quer sou todo teu

Deixa as promessas de lado
Hoje, quero ser teu só hoje
Esquece, e amanhã não me esqueça
Amanhã apareça
Novamente meu colo te espera

Só hoje n

Nesse tempo de onde eu vim
Permaneço migrante dali
Movimento que tenho aqui

Na certeza que tenho
Da saudade dos pais, de não ver
O sintoma da falta de ter

Me sentido vazio desse tudo
Acordo, durmo
Ando cheio de tudo desse pouco
Eu mito, desminto
Insist

Lá Vai o sujeito Oculto
Substantivo abstrato
Verbo correndo, perigo
Suspeito, verbo parado

Lá vai o sujeito Oculto
Contexto ignorado
Perigoso, adjetivo
Sofrer é seu predicado

Sujeito tão definido
No presente, no passado
No pretérito imperfeito
Seu

Todas as histórias do mundo já foram contadas
Tudo foi pensado, repensado
Transformado em teorias, postulados
Tudo já foi dito, refletido, indagado

Todos os possíveis ritmos e infinitas melodias
Transformados em canções, estudos, concertos, óperas, sinfonias
Não há nada