Bate
Pulsa
Contrai
Sangue
Carne
Bate

Vai coração! Não tenhas medo
Teu pulsar, teu bombear
Já não são mais segredo
Teu mecanismo já se tem mapas
Se regula, corta, costura
E da morte até escapa

Diz a vida que depende de ti
Diz o poeta que

Pegue
Se pegue, pegue
Me pegue, se pegue
E desapegue
Pego
Me pego, pego
Te pego, me pego
E desapego

Move mente
Move corpo
Move carne
Move osso

Movimento
Anticorpo
Desencarne
Sai encosto

Bula
Bulissando a gente
Desassos

Povo da casa, dê licença
Pra nois se arretirar
Deixo aqui bons pensamentos
Vou cantar em outro lugar

Vadiei, cantei, brinquei
Teci os sentimentos
Com alegrias e lamentos
Alinhavei o meu cantar

Sol, chuva e vento
Sem ponteiro para contar
No reboliço do

Meu sotaque é cantado
Ritmado no repente
Cantiga de benzedeira
A Rouquidão do aboiador
Meu rastro é o da serpente

Minha casa é onde der
Minha rodagem é onde andar
Meu céu é de fogo
Sou as asas do carcará

Pimenta, dendê, rapadura
Litoral, mata, agreste,

A minha casa fica lá detrás da serra
Onde nasci e me criei
Minha mãezinha sempre me espera
Com o perfume que lhe dei

Casa enfeitada e bonita
Almofadas de fita, cheiro de alfazema
Ela me avista na beira da estrada
Seu olhar parece um poema

Lá foi onde eu cresci

Onde tiver amor
Onde tiver andor
É pra lá que eu vou
Onde tiver tambor
Onde tiver xangô
É pra lá que eu vou

Se tem oração
Se tem canção
É pra lá que eu vou
Se tem paixão
Se tem perdão
É pra lá que eu vou

Com a virgem santíssima
Com o menino

Ô dá licença
Ô, meu povo, dá licença
Pra mode agora nois puder vadiá
Trago na voz alegria e sofrimento
Faço do riso e do lamento
Poesia de cantar

Ô faça sol
Faça chuva, faça vento
Vamos se perder no tempo
Do compasso a batucar
Vocês são artistas desse pi

Quem é que vejo agora?
O externo ou quem dentro mora?
Quem me dera poder sair
Dessa carne que me apavora

Meu gênero é humano
Às vezes, lúcido e insano
Só sei o que não sou
Só sei que não me engano

A semente ou o fruto
A fulô ou o espinho
O rei ou a rai

O sol já abriu os óio
No quintal já canta o galo
Severino se levantou
Toma café, fuma um cigarro
Enxada no ombro, pé na estrada
Vem cuidar do teu roçado

Cava, me rasga, me revira
Com o ferro de arar
Eu abro o meu ventre
Deixo a semente fecundar
Recebo a

Não me venha jogar nas costas
O peso que eu não quero carregar
Não me venha plantar pensamentos
Que eu não quero germinar

Não serei o ventríloquo
No teu circo
De um palco sem chão

Eu transcendo a carne
Quem me norteia é a flecha do caçador
A água doce na m