Bem vindo pode entrar talvez não seja belo à primeiro olhar
Mas de tanto olhar se acostuma
Pois aqui somos iguais a desgraça paira no olhar
Você não é diferente de ninguém

Talvez essa grandeza seja só como você se vê
Auto alucinação
Mas que cara é essa? Te chamo pra fes

Acabou meu carnaval
O brilho e confetes guardados na prateleira
As luzes apagadas, os olhos apagados
Lantejoulas paradas no ar

O barulho em pó cruza as avenidas
Curvas acentuadas, postes queimados
Nunca se sabe o que pode esperar, parado na mesa de um bar
Corpos ala

Eu me lembro da última vez
Era uma noite fria sem graça
Minha boca seca
Gosto de cerveja
Ah como amarga

Isso por aqui é normal
Grandes amigos nem se vêem mais
Nossa distância é tão natural
Toca quem pode tocar

O mundo é selva
E minhas guerras parecem

A noite chega
Ela vem pra ficar comigo
Sozinho

Minhas paredes não falam
Mas
Me acalmam me assustam
Esmagam o que resta de mim

Às vezes se esbarram
Mas não se tocam
Veem a vida e não chocam
Mergulhados
Nessa solidão continental

Aqui na terra

Ouvi falar
Que flores não nascem mais
No deserto do seu coração

Onde cabe alguns retratos
Mas nada tão grande como eu

Ficou, foi embora
E nem colocou os vasos no lugar
Ali não bate Sol
Por favor se toca

Onde está pra cuidar
Da nossa triste flor na va

Sim, sempre foi assim
Tudo fora do lugar
Sim, certas coisas são assim
E não da pra mudar

Todos esses prédios planando sob mim
Me impedem de enxergar
Essas ruas me levam pra nenhum lugar
Um dia eu chego lá

Velhas emoções no meu manequim
Me disseram
Que

Eu sorria ao te ver
Eu sorria ao te ver
Eu sorria ao te ver
Eu sorria ao te ver passar

Preencheram os lados
Espaços faltosos
Me esqueceram os problemas
Do lado de lá

Me cobriram nas noites de frio
Cobriram as marcas
Desocuparam minha mente real
Dos erros de máquina

Não me disseram nada demais
Conversas de árvores
Me balançaram nada real

Esses que saem nunca são iguais
Nunca são iguais aos que vieram pra cá
Suas mãos se tornam indelicadas
Suas roupas absorvem a fuligem essencial

Forasteiros ficam por aqui
Vem pra ficar, ficam pra sair
E onde sobra espaço pra mim?
Garotos invisíveis, mentes sensíveis

Ajeita os ponteiros
24 horas é pouco tempo pra mim
É como se eu estivesse parado
Em meio aos carros que se movem
Mas não sabem pra onde vão
Ao certo

Calma é só mais um dia
Como outro qualquer já foi
Tão volátil e sem sentido
Como as cartas que te escrevi

O lar inquieto
Bem como deveria estar
Mas sem coisas pra falar

Verá que é certo
Deixar a curiosidade pra lá
Fora do alcance do olhar

Virá é certo
Os pensamentos sóbrios não me deixar voar
Pra longe do seu olhar

Virá
Agora não talvez posso esperar